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Ferguson celebra Dia de Ação de Graças sem incidentes e bastante solidário

Moradores da cidade interromperam suas refeições para homenagear jovem negro morto

Internacional|

Após os distúrbios desta semana, depois que a Justiça decidiu não indiciar o policial branco que matou o jovem negro Michael Brown, a cidade de Ferguson, nos Estados Unidos, pôde celebrar nesta quinta-feira (27) um Dia de Ação de Graças em calma, marcado pela solidariedade.

Ferguson, um subúrbio da cidade de Saint Louis, no estado do Missouri, tenta superar, pouco a pouco, os violentos protestos que, nas noites de segunda e terça-feira, provocaram mais de 120 detenções, assim como numerosos danos materiais.

O grande júri do condado de Saint Louis decidiu na segunda-feira que o policial Darren Wilson, de 28 anos, não será processado pela morte de Brown, de 18 anos.

No dia 9 de agosto, o policial disparou várias vezes contra o jovem na zona residencial de Canfield Drive, depois que Brown tinha roubado um maço de cigarros em um estabelecimento próximo, que hoje estava cercado por um cordão policial.

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Vários moradores da cidade interromperam hoje suas refeições de Ação de Graças para se reunirem nas proximidades de Canfield Drive, onde um monumento improvisado, com flores e bichos de pelúcia, foi erguido em memória do jovem em frente à carcaça de um automóvel incendiado durante os distúrbios.

"Meu filho me perguntou por ele. É um menino educado. E me disse 'quero ver Michael Brown'. Queria trazê-lo aqui para que veja o que ocorre hoje em dia nos Estados Unidos", disse à Agência Efe Kartess Browder, de 24 anos, enquanto segurava pelas mãos seu filho brincalhão.

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"O povo não pode nem dormir, especialmente nesta área", acrescentou Browder, ao se referir às contínuas batidas das forças da ordem que fazem a segurança no bairro.

Não muito longe de Canfield Drive, os escombros de um salão de beleza atacado e incendiado na noite da segunda-feira passada ainda exalavam hoje um forte cheiro de queimado, enquanto a neve que caiu nas últimas 24 horas derretia.

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"Isto é a cena de um crime", advertiu à Efe um policial, que afirmou que não se pode ultrapassar a fita amarela colocada em torno do local, porque o salão de beleza é objeto de uma investigação policial.

Os proprietários dos estabelecimentos destruídos por atos de vandalismo puderam se ressarcir um pouco hoje desse duro golpe ao desfrutar o saboroso peru, o principal prato servido nos lares americanos no Dia de Ação de Graças.

O peru chegou a suas mesas graças a uma doação da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, sigla em inglês), uma organização defensora dos direitos civis das minorias étnicas nos Estados Unidos.

A solidariedade também bateu na porta da vendedora de doces Natalie Dubose, mãe solteira e com dois filhos, cujo estabelecimento foi destruído por três indivíduos durante os distúrbios da última segunda-feira.

Seus utensílios e caixas de guardar produtos foram destruídos e suas 40 encomendas de bolos para o Dia de Ação de Graças ficaram no ar. "Me senti tão mal", comentou a mulher à imprensa local.

Disposta a cumprir com seus compromissos em um dia tão importante, Natalie iniciou uma campanha nas redes sociais para arrecadar dinheiro e teve tanto sucesso que até hoje já tinha conseguido US$ 230 mil em doações.

"Nunca senti tanto carinho", afirmou a doceira, que logo em seguida começou a chorar emocionada. Voluntários da Cruz Vermelha de Saint Louis também se mobilizaram para ajudar as famílias que perderam suas casas em consequência da violência.

A tensão parece ter diminuído no decorrer da semana e as frequentes manifestações em frente ao Departamento de Polícia de Ferguson, que se transformaram em um ritual diário desde a segunda-feira, são cada vez menos frequentes.

Dezenas de pessoas se concentraram na noite de quarta-feira em frente ao distrito policial, cuja segurança é feita por cerca de 40 efetivos da Guarda Nacional - uma força militar de reserva - fortemente equipados com material antidistúrbios.

Nessa mobilização não faltou a estudante afro-americana Atia, de 24 anos, que costuma comparecer aos protestos com um cartaz escrito: "Justiça para Mike Brown". A menina parece disposta a continuar lutando por essa "justiça", inclusive no Dia de Ação de Graças. "Vou comer o peru e voltarei aqui. A luta continuará todos os dias", disse à Efe. 

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