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A guerra na Ucrânia, que pôs à prova o poder de líderes mundiais, completa seis meses nesta quarta-feira (24). Em um conflito que parece longe de terminar, Rússia e China estreitam seus laços enquanto o Ocidente tenta conter os estragos dos combates
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O cientista político e pesquisador da USP Pedro da Costa Júnior sustenta que a ordem mundial mudou após a invasão russa da Ucrânia. Para ele, o presidente russo Vladimir Putin e o presidente chinês Xi Jinping saíram fortalecidos quando “desafiaram uma ordem que até então era hegemônica ao firmarem uma aliança sem limites”
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O documento em questão foi assinado pelos líderes em 4 de fevereiro, estabelecendo parceria sem precedentes entre os dois países, que também se posicionaram contrários à hegemonia americana
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“A declaração conjunta entre a Rússia e a China mostra que os EUA e os aliados do Ocidente não ditam mais as regras nas relações internacionais, não de maneira única. Isso é muito importante porque não acontecia desde o final da Guerra Fria. Nos últimos 30 anos, apenas os EUA e os seus aliados tinham a iniciativa para fazer uma guerra nessa escala”, conclui Costa Júnior
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Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, pondera que “Putin não se tornou um pária, ele já viajou para outros países depois da guerra, assim como seu ministro das Relações Exteriores. Entretanto, com certeza ele sofreu uma redução na percepção de que a Rússia não é uma grande potência, e agora é muito dependente da China, e isso terá implicações na política externa russa"
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Do lado ocidental, a popularidade dos líderes políticos passa por uma crise. Durante os seis meses de guerra na Ucrânia, O primeiro-ministro britânico Boris Johnson renunciou ao cargo, em meio a vários escândalos
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Assim como ele, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi apresentou sua renúncia depois que seu governo de coalizão entrou em colapso
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Nos EUA, o presidente Joe Biden sofre com baixos índices de popularidade e o partido Democrata teme grandes derrotas nas eleições de meio de mandato
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O professor Gunther Rudzit afirma que até mesmo o presidente ucraniano Volodmir Zelenski, que em um primeiro momento saiu como herói, agora tem sua atuação contestada. “Ele ganhou uma notoriedade que não tinha, mas não é certeza que consiga manter esse status caso a guerra se prolongue por meses ou até mesmo anos, pois isso pode trazer o desinteresse ocidental"
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Para Costa Júnior, “a grande perdedora da guerra é a Ucrânia, porque tem o maior número de vítimas, perdeu territórios e teve sua soberania ameaçada. (...) Os líderes ocidentais não dão respostas satisfatórias às ações russas ao mesmo tempo que a Ucrânia padece"