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George Bush pai ampliou eixo de influência dos EUA no Oriente Médio

Ex-presidente, que morreu aos 94 anos, também foi um dos alicerces do que é hoje o atual Partido Republicano, com seu neoliberalismo conservador

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Bush ajudou a elaborar políticas da Era Reagan
Bush ajudou a elaborar políticas da Era Reagan Bush ajudou a elaborar políticas da Era Reagan

George Herbert Walker Bush, que morreu na última sexta-feira (30), aos 94 anos, foi um dos alicerces do que é hoje o atual Partido Republicano, com seu neoliberalismo conservador.

As solenidades em torno de sua morte são mais uma demostração de que, sempre que um ex-presidente dos Estados Unidos morre, uma áurea de reverência se instaura nos quatro cantos do país.

Independentemente de seu perfil político, o ex-mandatário se torna uma instituição, por si só. Que carrega em si um legado e o identifica com as características da era em que atuou, tornando-o, se não o maior, um dos principais símbolos desta era.

Com George Bush pai, cujo enterro será no próximo 5 de dezembro, em "dia de luto nacional", a marca que fica de seu mandato (1989-1993) é a de um reordenamento das forças conservadoras durante o colapso da União Soviética e do fim da Guerra Fria.

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Para o velório, o presidente Donald Trump enviou especialmente o Boeing 747 presidencial para buscar o caixão e levá-lo do Texas a Washington.

Leia mais: EUA decretam um dia em memória de Bush; Trump diz que vai a funeral

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George Bush estava na cúpula do governo que comandou o famoso Consenso de Washington, uma cartilha ultraliberal estruturada, em 1989, pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que se espalhou pelo mundo.

Acolhido inicialmente por governantes como a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-1990), o Consenso se prolongou por anos, até um período de recuo. E, sob a forma de neoliberalismo, voltou com força nos tempos atuais.

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Também foi com ele que se iniciou nova fase da política externa americana. Mesmo não tendo invadido o Iraque, Bush comandou uma intervenção contra o país, ao enviar tropas para o Kuwait, entre 1990 e 1991, e expulsar o Exército iraquiano que tinha invadido a região.

Novo foco

Bush mudou o foco americano no Oriente Médio, saindo da exclusiva preocupação com a proteção de Israel, em meio a países até então hostis, e ampliando a ação americana para a antiga Mesopotâmia, hoje Iraque, principalmente em função da grande quantidade de petróleo na região.

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Isso possivelmente ajudou os Estados Unidos, sempre acusado de fazer prevalecer seus interesses econômicos por trás de intervenções militares, a ganharem cada vez mais know how e assim se tornarem o maior produtor mundial da commodity, após 2015.

Petróleo que foi um dos fatores que o levaram à presidência, após muitos anos atuando na política (como deputado e diretor da CIA, entre outros). Bush pai, um riquíssimo empresário ligado ao petróleo, ajudou a formular as políticas de Ronald Reagan (1981-1989), muito contestadas por organizações humanitárias. 

Neste período de incertezas, sem se saber para onde iria a influência da antiga União Soviética, Bush reforçou o objetivo de contrabalançar o poder esquerdista na vizinhança, se contrapondo a grupos como os sandinistas, na Nicarágua, financiado pelos Estados Unidos no famoso escândalo Irã-Contras.

Já como presidente, autorizou a invasão do Panamá para depor, em 1989, o ditador Manoel Noriega, extraditado para os EUA, em uma fase de influência direta americana em países da América Central.

Semelhança com Trump

O perfil de Donald Trump se assemelha ao de Bush ainda mais do que ao de George W. Bush, o filho, que assumiu o poder oito anos após o pai deixar a presidência. Ambos, Trump e Bush pai foram empresários bem-sucedidos. O fator econômico foi fundamental para eles chegarem ao poder.

Mas a intensidade da vida pública de Bush pai, antes dele se tornar presidente foi tão intensa que, depois de seu primeiro mandato, ele se desgastou e não teve fôlego para obter um segundo.

No vai-e-vem da política americana, foi a vez da ascensão do progressista Bill Clinton (1993-2001). Depois, o filho de Bush (2001-2009) deu prosseguimento ao legado conservador. E se Bush pai optou por não invadir o Iraque quando era presidente, deixou todo o caminho pavimentado para seu filho iniciar a invasão, na segunda Guerra do Golfo (2003).

Até a eleição de Barack Obama (2009-2017) com sua política de apaziguamento em muitos conflitos. E então, foi a vez de Trump (2017), e sua retórica que atribuía a Obama um dito enfraquecimento do país no cenário internacional.

Mas, como mostram todas as cerimônias que envolvem a morte de um presidente americano, como vem ocorrendo nestes dias com Bush, a liturgia do cargo é que se destaca. As homenagens surgem de todos os lados.

Os ex-presidentes, democratas e republicanos se reúnem, ao lado das esposas, e fazem das discordâncias políticas algo menor. É típico da democracia americana reverenciar um presidente morto. E ressaltar suas qualidades, transformando, do ponto de vista diplomático, até defeitos em feitos. 

Vídeo: Morre George Bush pai, último presidente americano da Guerra Fria

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