O Irã se utiliza da pena de morte contra manifestantes para assustar a população e silenciar protestos no país, o que se assemelha a um "assassinato de Estado", afirmou o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, nesta terça-feira (10).
"O uso de processos criminais como arma para punir quem exerce seus direitos básicos, como aqueles que participam ou organizam protestos, se assemelha a um assassinato de Estado, disse Volker Türk em um comunicado.
Em entrevista coletiva em Genebra, a porta-voz do gabinete do Alto-Comissariado, Ravina Shamdasani, disse que as execuções são "privações arbitrárias de vida" e se opôs ao princípio da pena de morte.
Nos últimos quatro meses, Teerã já executou quatro pessoas acusadas de participação nos protestos latentes no país desde a morte da jovem Mahsa Amini, que utilizou o véu de forma considerada indevida pela chamada polícia da moralidade.
Mais duas execuções são iminentes, e outras 18 pessoas foram condenadas à morte, disse o gabinete da ONU em um comunicado.
"O governo iraniano serviria melhor a seus próprios interesses e aos de seu povo se ouvisse suas reclamações e implementasse as reformas legais e políticas necessárias para garantir o respeito e a diversidade de opiniões, os direitos à liberdade de expressão e de reunião, além do respeito pleno e proteção dos direitos das mulheres em todas as esferas da vida", enfatizou Türk.
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O comissário reforçou o pedido aos governantes iranianos para que respeitem a vida e ouçam às reivindicações de seu povo, impondo "uma moratória imediata à pena de morte e interrompendo todas as execuções".
"O Irã deve tomar medidas verdadeiras para implementar as reformas exigidas pelo seu próprio povo que possam garantir o respeito e proteção dos direitos humanos", reforçou.
Nova sentença
O Irã proferiu uma nova sentença de morte em relação ao movimento de protestos, informou o Poder Judiciário nesta terça-feira.
Javad Rouhi foi condenado à morte sob a acusação de "corrupção em território", informou a agência Mizan Online.
Com essa sentença, que cabe recurso, sobe para 18 o número de condenados à morte em relação aos protestos.
Rouhi foi condenado por "liderar um grupo de manifestantes", "incitar as pessoas a criar insegurança" e por "renúncia e profanação do Alcorão ao queimá-lo", relatou a Mizan Online.
A organização Iran Human Rights, com sede em Oslo, afirmou na última segunda-feira (9) que ao menos 109 manifestantes detidos foram condenados à morte ou enfrentam acusações passíveis de pena capital.
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