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Macedônia pode deixar de ser Macedônia para agradar gregos

A Grécia disputa o nome com a Antiga República Iugoslava da Macedônia há décadas, alegando ter direito histórico

Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais

Macedônios adotaram símbolos que os gregos alegam serem seus, como o Sol de Vergina
Macedônios adotaram símbolos que os gregos alegam serem seus, como o Sol de Vergina Macedônios adotaram símbolos que os gregos alegam serem seus, como o Sol de Vergina

Países vizinhos brigam por várias razões. Pode ser por um pedaço de território, diferenças étnicas ou religiosas. Macedônia e Grécia brigam para decidir quem pode usar um nome nos mapas. Uma disputa que parece estar prestes a terminar.

A discussão para saber quem pode usar a palavra Macedônia como referência geográfica é uma questão histórica, mas será resolvida por questões político-econômicas. Para poder ser admitida como membro da União Europeia e da OTAN e encerrar um entrave antigo com a Grécia, a Macedônia deve mudar a forma como é chamada.

O voto grego é essencial para que a Macedônia possa ser admitida como país-membro da União Europeia e da OTAN, já que ambas as entidades exigem unanimidade entre as nações participantes para permitir novos membros.

A Grécia alega que tem direitos sobre o nome. Uma importante província no norte do país é chamada de Macedônia há mais de 3 mil anos. Foi de lá que o imperador Alexandre, o Grande, partiu no século 3 a.C. para formar o maior império grego da história, conquistando terras de onde hoje é a Bulgária até a Índia.

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Por conta disso, o país nega até hoje a entrada do vizinho do norte na UE e na OTAN. Em 1993, quando a ONU reconheceu as repúblicas que até 91 formavam a Iugoslávia como países-membro, a intransigência dos gregos fez com que o novo país adotasse o nome de Antiga República Iugoslava da Macedônia (e a sigla FYROM, em inglês).

A alegação era que, se se chamasse apenas “República da Macedônia”, o país poderia querer anexar territórios pertencentes à Macedônia grega. Como provocação, a maior rodovia e o aeroporto de Skopje, capital de FYROM, foram batizados de ‘Alexandre, o Grande’, mesmo sem haver relação alguma entre o imperador e o território.

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O conflito também tem um fundo étnico, já que os nacionalistas gregos não reconhecem que os eslavos que formam a maioria do povo da República da Macedônia tenham direito a um nome historicamente ligado à Grécia.

Para solucionar o impasse que dura quase três décadas, o primeiro-ministro da Macedônia, Zoran Zaev, retomou o diálogo com Atenas e a questão parece caminhar rumo a uma solução que vai satisfazer os dois países.

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Segundo o ministro das Relações Exteriores da Grécia, Nikos Kotzias, o ideal é que o novo nome não tenha tradução para o grego. O acordo teria de ser submetido ao Parlamento em Atenas e ser ratificado na Constituição da atual Macedônia.

Enviado da ONU para mediar a questão desde o início, o diplomata norte-americano Matthew Nimetz sugeriu recentemente algumas alternativas para o governo de Skopje. Uma delas seria adotar o mesmo nome da capital. Outra seria chamar o país de “República da Nova Macedônia”, usando a grafia “Republika Nova Makedonija", no idioma macedônio. Outra sugestão é Macedônia do Norte.

Para sinalizar sua boa vontade, Zaev anunciou na semana passada que a estrada Alexandre, o Grande, vai mudar de nome em breve. Ela deverá se chamar “Rodovia da Amizade”. O aeroporto de Skopje também deve perder o nome do antigo conquistador grego.

Ainda não se sabe se a FYROM vai deixar de usar o Sol de Vergina, símbolo da casa real de Alexandre, O Grande, como um símbolo nacional, mas uma solução que agrade a gregos e macedônios nunca esteve tão próxima.

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