A organização Human Rights Watch (HRW) classificou como "loucura" a decisão do governo do México de militarizar a fronteira sul do país, ao mesmo tempo e, que criticou a utilização de agentes de segurança para deter migrantes ao invés de delinquentes, em mensagem postada nesta quinta-feira (13) em sua conta no Twitter.
"A última loucura da militarização da segurança pública no México: desdobrar uma força essencialmente militar, não contra grupos delitivos, mas contra famílias humildes que fogem destes grupos", declarou o diretor-executivo da HRW para as Américas, José Miguel Vivanco, na mensagem no Twitter.
Na quarta-feira (12), o chanceler do México, Marcelo Ebrard, anunciou que iniciava a fase de "implementação" da Guarda Nacional no sudeste do país e especialmente na fronteira sul, como parte do acordo para conter o fluxo migratório da América Central e evitar a imposição de sobretaxas às importações por parte dos Estados Unidos.
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Ebrard informou que o governo enviaria a 13 pontos da fronteira aproximadamente seis mil soldados da Guarda Nacional, um novo corpo de segurança formado por militares, marinheiros e policiais federais e liderado por um militar retirado.
Sobre essa decisão, o diretor-executivo adjunto da HRW na região, Daniel Wilkinson, considerou em um comunicado que a "extensa e espantosa história de abusos vinculados com a militarização da segurança pública no México fazem com que seja fácil prever que esta medida pode resultar em um desastre".
Wilkinson disse que os sucessivos governos do México "justificaram o uso das Forças Armadas para operações de segurança pública com o argumento de que são necessárias para enfrentar cartéis de narcotráfico que são fortemente armados e extremamente violentos".
"No entanto, esta militarização da polícia só contribuiu para aumentar a violência e provocou violações generalizadas dos direitos humanos", ressaltou.
A Guarda Nacional, corpo de segurança criado pelo governo do presidente Andrés Manuel López Obrador para acabar com a violência, "representa uma extensão desta militarização da segurança pública", acrescentou.
Wilkinson lembrou ainda que, "se o governo de López Obrador realizar este plano, implicará no desdobramento de uma força essencialmente militar, não contra organizações delitivas violentas, mas contra famílias e crianças pobres, muitas das quais estão fugindo da perseguição de grupos violentos".
O representante da HRW concorda que "o México tem direito a reforçar suas fronteiras", mas considerou "previsível" que a utilização da Guarda Nacional "termine resultando em graves abusos".