Apesar de ter atingido Nova York com menos intensidade do que o previsto, a nevasca que castigou diversos Estados do Nordeste americano entre segunda e terça-feira provocou transtornos a dezenas de brasileiros, que não puderam embarcar em seus voos e tiveram de dormir no aeroporto.
Mais de 7.500 voos foram cancelados nos Estados Unidos entre segunda e terça, entre eles pelo menos 25 tendo o Brasil como origem ou destino. Nesta quarta-feira (28), outros 500 voos foram cancelados.
"Estou no aeroporto desde ontem [segunda] às 13h", disse à BBC Brasil por telefone a brasileira Simone Rodrigues Ferreira, de 40 anos, na tarde desta terça-feira, ao lado de vários outros brasileiros na mesma situação no aeroporto JFK.
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Seu voo com destino a São Paulo, pela TAM, estava agendado originalmente para às 19h50 de segunda-feira, mas foi cancelado devido à nevasca.
"Passar a noite no aeroporto foi horrível. Tinha só um voucher de US$ 15 para jantar e US$ 10 para o café", relata.
Sem saber se conseguiria embarcar ainda na terça, Simone já previa os transtornos profissionais que o atraso irá causar.
— Sou professora da rede estadual de São Paulo, tenho atribuição de aulas amanhã [quarta] às 9h e não vou conseguir chegar a tempo.
Esta foi sua primeira viagem a Nova York. Ela chegou no dia 22 de dezembro, para passar um mês com amigos brasileiros que moram na cidade americana.
Ela diz que o contratempo não chegou a estragar as férias. "Adorei a cidade, é linda."
Críticas
Anunciada como uma nevasca de proporções históricas, a tempestade acabou não atingindo Nova York com a força esperada, o que provocou críticas às medidas adotadas pelas autoridades.
A partir da noite de segunda-feira, motoristas foram proibidos de trafegar por ruas e estradas e os moradores foram orientados a não sair de casa.
Os serviços de transporte público foram interrompidos às 23h, e até mesmo o metrô, que funciona 24 horas, foi fechado, uma medida sem precedentes.
Mas, apesar de previsões de que o acúmulo de neve poderia ultrapassar 60 centímetros na cidade, o volume nesta terça chegava a apenas 13 cm no Central Park.
O próprio Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA acabou recuando e disse que haveria "bem menos neve" do que o inicialmente previsto.
Na manhã da terça, quando ficou claro que a nevasca não havia sido tão grave, muitos serviços foram reabertos. As escolas, porém, permaneceram fechadas.
"É melhor prevenir do que remediar", disse o prefeito, Bill de Blasio, diante das críticas.
Partes mais atingidas
Se na cidade de Nova York a tempestade foi mais amena do que o esperado, em outras áreas o impacto foi forte.
Em Long Island, no Estado de Nova York, o acúmulo de neve ultrapassou 60 cm e pelo menos uma pessoa morreu.
No Estado de Massachusetts, a neve chegou a 67 cm e milhares de pessoas ficaram sem energia. Em Connecticut, passou de 50 cm.
Os Estados de Rhode Island, Maine e New Hampshire também foram fortemente atingidos.