Resumindo a Notícia
- Silvina Batakis assume como nova ministra da Economia na Argentina
- Batakis precisará enfrentar a inflação do país, uma das maiores ao redor do mundo
- Chefe da pasta também precisará lidar com a dívida acumulada do país junto ao FMI
Silvina Batakis terá missão difícil diante de uma das pastas mais importantes do país
Juan Mabromata/AFP - 4.7.2022A economista Silvina Batakis assume o cargo nesta segunda-feira (4) como nova ministra da Economia em uma Argentina cheia de incertezas: com uma das inflações mais altas do mundo e duras metas a cumprir no âmbito do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Funcionária pública de carreira e com militância no setor mais crítico do acordo com o FMI, Batakis deve definir com quais instrumentos vai enfrentar o déficit fiscal, a escassez de divisas e a alta dos preços.
A Argentina renegociou neste ano um acordo de 44,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 237 bilhões) com o FMI, ratificado pelo Congresso. Esse acordo prevê uma redução do déficit fiscal de 3% do Produto Interno Bruto, registrado em 2021, para 2,5% em 2022, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.
"A primeira pergunta a que a nova ministra deverá responder é se o acordo com o Fundo Monetário Internacional continua vigente", disse Víctor Beker, diretor do Centro de Estudos da Nova Economia da Universidade de Belgrano.
"A incógnita é se haverá uma reformulação das metas ou se a Argentina se dirige a uma ruptura com o Fundo Monetário Internacional", disse Beker.
A Argentina tem uma das taxas de inflação mais altas do mundo, com 60,7% no período de maio de 2021 a maio de 2022, e há temores de que a alta nos preços aumente ainda mais.
O governo do presidente Alberto Fernández insistiu em que o fenômeno é multicausal e destacou que atualmente ocorre em todo o mundo.
Mas Batakis terá que determinar que tipo de medida priorizar: se um endurecimento no esquema de preços cuidados, um mecanismo voluntário de controle de preços do qual participa o setor privado, ou maiores restrições à emissão de moedas.
A economista Marina Dal Poggetto, diretora da consultoria EcoGo, a definiu como "um quadro político mais do que técnico", que pode impulsionar medidas heterodoxas.
No fim de junho, o FMI aprovou a primeira revisão do programa de facilidades estendidas da Argentina, correspondente ao primeiro trimestre deste ano, e autorizou o desembolso de 4 bilhões de dólares (mais de R$ 21 bilhões).
Mas os analistas coincidem em que a segunda revisão será mais difícil de superar.
Para aliviar a pressão sobre as finanças públicas, seu antecessor no Ministério da Economia, Martín Guzmán, planejou uma segmentação dos subsídios às tarifas de eletricidade e de gás, de forma que apenas sejam beneficiados os setores mais desfavorecidos economicamente.
O esquema ainda não foi aplicado no momento de sua renúncia neste fim de semana. Batakis deverá decidir se o mantém ou se apresenta uma nova versão. Em 2021, os subsídios à energia representaram 11 bilhões de dólares, o equivalente a 2,3% do PIB.
As reservas internacionais brutas da Argentina estão em cerca de 42,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 226 bilhões). Mas os analistas destacam que as líquidas — descontadas as reservas bancárias ou um swap com a China, entre outros — são muito inferiores e insuficientes para os requerimentos do país.
"A Argentina não está alcançando a meta de acúmulo de reservas internacionais acordado com o FMI, e isso gera uma expectativa de maior desvalorização ou depreciação do peso", disse à AFP o economista Andrés Wainer.
E o panorama para o segundo semestre do ano não parece bom, pois é um tempo no qual já foi liquidada a colheita agrícola, e portanto não entram mais divisas por esse conceito; também conspira o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos — que tende a fortalecer o dólar —, informou o economista.