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Pandemia cresce número de pobres no mundo após 22 anos de queda

Taxa de 2020 será maior que a do ano anterior, o que não ocorria desde 1998, diz Banco Mundial. Faixa de pobreza terá mais 500 milhões até o final do ano

Internacional|Eduardo Marini, do R7

Estudo revela que pobres serão 8% da população mundial ao final de 2020
Estudo revela que pobres serão 8% da população mundial ao final de 2020 Estudo revela que pobres serão 8% da população mundial ao final de 2020

As marcas e recordes negativos relacionados ao coronavírus se acumulam em todos os cantos. Um novo estudo do Banco Mundial e das Nações Unidas revela que as taxas globais de pobreza extrema no mundo ao final de 2020 deverão ser maiores do que a do ano anterior pela primeira vez desde 1998. Até o final do ano, 500 milhões de pessoas, equivalentes a 8% da população mundial, deverão ser empurradas para a faixa de indigência, a maioria pelos efeitos do covid-19.

Os dados assustam. Mais de 90 países pediram ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI) desde o início da pandemia. Boa parte deles luta ainda por perdão de dívidas de empréstimos anteriores, mas os países ricos que concederam os créditos, também comprometidos com novos investimentos para combater o vírus, mostram-se resistentes à ideia.

Leia mais: Virologista alemão alerta sobre 'efeito rebanho' contra coronavírus

No Bangladesh, perderam suas vagas um milhão de trabalhadores, informais em maioria, ou sete por cento da força de trabalho daquele país. Na Índia, milhões de trabalhadores também ficaram sem emprego após o anúncio do bloqueio pelo governo. Na África, a pandemia prejudica fortemente a ação das redes de distribuição de ajuda alimentar, o que deverá ampliar os quadros de fome.

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México, Porto Rico, Filipinas, países da América Central, Cuba e até regiões brasileiras, como a de Governador Valadares (MG), começam a sentir os efeitos da diminuição importante de remessas de dinheiro de familiares que vivem nos Estados Unidos, agravada pelo rápido aumento dos índices de desemprego na maior economia do mundo.

O Japão separou US$ 990 bilhões (R$ 5,43 trilhões) para investir em pacotes de combate à pandemia e incentivos. Os Estados Unidos destinou quase US$ 3 trilhões (R$ 16,46 trilhões) em pacotes de estímulo econômico para ajudar pobres e pequenas empresas.

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Por outro lado, a Índia, com uma população quatro vezes maior que a americana (1,3 bilhão), deverá gastar somente US$ 22,5 bilhões (R$ 123,47 bilhões). O Paquistão, com seus 216,5 milhões de habitantes, quinta maior população do mundo, imediatamente à frente do Brasil, conseguiu destinar apenas US$ 7,5 bilhões (R$ 41,17 bilhões) a projetos semelhantes.

“A tragédia é cíclica. A pobreza é uma grande causa de doenças. As doenças são choques que conduzem as famílias a mais pobreza. E, na suprema maioria dos casos, as mantêm lá”, explicou a Maria Abi-Habib, do jornal americano The New York Times, a diretora executiva do Centro François-Xavier Bagnoud de Saúde e Direitos Humanos, da universidade americana de Harvard, Natalia Linos.

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O coronavírus destruiu em poucos meses - e segue destruindo - o que nações demoraram anos e até décadas para construir. Em 1990, 1,9 bilhão de pessoas, ou 36% da população mundial, viviam com menos de US$ 1,90 (R$ 10,27) por dia. Em 2016, esse número baixou para menos da metade, 734 milhões, equivalentes a dez por cento da população do mundo, principalmente por causa da melhoria de qualidade de vida de centenas de milhões de pessoas na China e no sul da Ásia.

Quase todos esses países, inclusive o Brasil, possuem em comum a criação de programas sociais para aumento de renda, melhoria de qualidade de vida e incentivo à educação para faixas mais pobres.

Com a pandemia, a quase totalidade desses países criou déficits e dívidas para investir na solução dos problemas. Por isso, o Banco Mundial e as Nações Unidas temem que muitos deles reduzam de forma radical ou até interrompam esses projetos sociais.

Ao que tudo indica, o coronavírus, a ameaça elevar o número de pobres extremos no mundo para cerca de dois bilhões ao final de 2020, continuará a prejudicar centenas de milhões de pessoas mesmo tempos depois do homem vencer a batalha por seu controle.

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