O Paquistão mantém as mesquitas abertas apesar de ter ultrapassado os mil casos de infecção pelo novo coronavírus nesta quarta-feira (25) e mesmo com a imposição de medidas como a proibição de sair de casa.
"Mesquitas estão abertas em todo o país agora e as pessoas estão chegando", disse Qibla Ayaz, presidente do Conselho Islâmico do Paquistão, instituição consultiva para as autoridades do país, onde 96% da população é muçulmana.
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Porta-vozes das polícias das províncias de Punjab, com quase 100 milhões de habitantes, e Sindh, com cerca de 47 milhões, confirmaram à Agência Efe que a maioria dos templos religiosos ainda está aberta, já que nenhuma ordem foi dada para o fechamento, embora o fluxo de pessoas tenha diminuído.
Hoje o país bateu os mil casos de coronavírus, depois de realizar pouco mais de seis mil exames e confirmar sete mortes, segundo dados do governo.
Apesar da recusa em aplicar o confinamento nacional pelo primeiro-ministro Imran Khan, todas as províncias implementaram quarentenas em maior ou menor escala no início desta semana.
Além disso, o serviço de trens foi suspenso em todo o território, assim como o de vôos internacionais e nacionais, e também as fronteiras terrestres com China, Afeganistão, Índia e Irã, portas de entrada para o vírus no país.
Questão delicada
Ainda assim, o fechamento de mesquitas é uma questão delicada em um país profundamente religioso. E as autoridades religiosas estão procurando maneiras de impedir que os fiéis venham, sem que seja preciso anunciar um fechamento oficial.
"Não podemos usar o termo fechamento de mesquitas porque isso prejudicaria os sentimentos das pessoas. Diremos que elas ainda estão abertas e encontraremos maneiras de orar em casa", explicou Ayaz.
O líder religioso indicou que amanhã começarão as reuniões dos principais clérigos do país com o presidente, Arif Alvi, para estudar a questão.
Centros de contágio
Templos e congregações já foram confirmados pelas autoridades locais como pontos de contágio. A cidade de Bhara Kahu, na capital, foi confinada nesta manhã, após localizar 13 clérigos que a visitaram após participar de evento religioso na cidade de Lahore que teve a participação de cerca de 250 mil pessoas.
Enquanto isso, os líderes islâmicos se recusam a fechar os templos religiosos.
"Mesmo quando há uma guerra e o inimigo está na sua frente, você não pode suspender orações. Não estamos nessa situação e podemos orar em mesquitas", disse Ijaz Ashrafi, porta-voz do partido islâmico Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP).
O islamita alertou que, se o fechamento das mesquitas for anunciado, eles poderão agir contra a decisão.
Muitos outros países de maioria muçulmana, incluindo a Arábia Saudita, suspenderam orações nas mesquitas para impedir a propagação do vírus.