O Ministério Público da cidade de Bérgamo, foco de covid-19 no norte da Itália, ouvirá integrantes do governo, entre eles o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, como parte da investigação sobre a gestão da pandemia.
Os procuradores convocarão o premiê; a ministra do Interior, Luciana Lamorgese; e o ministro da Saúde, Roberto Speranza, informou nesta quarta-feira (10) a imprensa local.
A Itália já registrou mais de 235.500 casos de covid-19, entre eles 34 mil óbitos. O país ficou bloqueado durante quase dois meses e meio, principalmente no norte.
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O foco dos procuradores é perguntar aos integrantes do governo as razões que os levaram a não isolar imediatamente como "zonas vermelhas" os municípios de Nembro e Alzano Lombardo, ambos no norte e entre os mais impactados.
No dia 21 de fevereiro, foi confirmado o primeiro caso de contágio de coronavírus no município de Codogno, na Lombardia. Um dia após a crise explodir, o governo decretou o isolamento de 11 focos, dez na Lombardia e um no Vêneto.
Entre as dez localidades da Lombardia não estavam Nembro e Alzano, zonas industriais na periferia da cidade de Bérgamo.
Nesta quarta-feira, parentes de vítimas da covid-19 denunciaram a procuradores que o governo demorou demais para fechar esses dois lugares, que acabaram sendo muito impactados.
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Ambos foram isolados em 8 de março, quando o governo decretou o fechamento de toda a região da Lombardia e outros territórios, um passo anterior ao confinamento de todo o país em 10 de março.
"Durante 15 dias, viajamos e trabalhamos enquanto o vírus circulava. Se tivessem fechado desde o início a província de Bérgamo, não precisaríamos fechar a Lombardia nem a Itália", disse à imprensa local Stefano Fusco, cujo avô morreu devido à doença em um asilo para idosos.
Os denunciantes suspeitam que a decisão de não isolar imediatamente os dois municípios se deve a interesses econômicos, já que se trata de uma área com grande concentração empresarial em pleno motor econômico da Itália, a região da Lombardia.
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