Quase 800 mil reservas de cruzeiros foram afetadas pela decisão do governo dos Estados Unidos de proibir "sem advertência alguma" as viagens para Cuba, informou nesta quarta-feira (5) a Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros (Clia).
A Clia informou que a medida entrou em vigor hoje sem calcular os danos econômicos nem os juízos de valor e ressaltou que a decisão afeta viagens "previamente aprovadas" pelo governo americano.
"Sem advertência, os membros de Clia são obrigados a cancelar todos os cruzeiros para Cuba de forma imediata", informou a Clia em nota.
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A associação afirmou que há quase 800 mil reservas programadas ou já em andamento e que foram afetadas pela decisão anunciada ontem.
"Todas essas reservas foram feitas sob uma permissão geral previamente emitida pelo governo dos Estados Unidos (durante a gestão de Barack Obama)", disse a Clia.
Essas viagens em grupo e para fins culturais ou recreativos eram a que os americanos podiam escolher para visitar Cuba legalmente durante a aproximação dos dois países que começou com Obama e o então presidente cubano, Raúl Castro, no final de 2014.
O primeiro cruzeiro autorizado a viajar para Cuba saindo dos Estados Unidos em mais de 50 anos foi o Adonia, da empresa Fathom, uma filial da Carnival. Ele zarpou de Miami em 1º de maio de 2016 com destino a Havana.
Com as novas regulações, viajar para Cuba em cruzeiros americanos se torna "ilegal", segundo a Clia, que diz não ter controle algum sobre a situação criada a partir dessa proibição e se sentir consternada pelos passageiros que desejavam viajar para os destinos que tinham reservado.
As grandes companhias de cruzeiros, que ontem optaram por dizer que estavam avaliando o alcance das medidas, hoje comunicaram aos clientes que não podem enviar embarcações a Cuba e que estão em busca de alternativas a esse destino. Nenhuma informou até o momento qual será o destino substituto.
A Carnival Corporation & PLC, principal companhia de cruzeiros do mundo, enviou um comunicado à Efe informando que os navios da Carnival Cruise Line e da Holland America Line não possuem mais permissão para parar em portos de Cuba. O mesmo que acontece com a Seabourn, outra de suas linhas de cruzeiros e que previa começar a ir à ilha em novembro.
A companhia Virgin Voyages, que se preparava para enviar cruzeiros para Cuba com saídas de Miami, também falou com a Agência Efe e disse estar decepcionada com a decisão do governo Trump. A empresa informou está em conversas com a Clia e com as autoridades reguladoras para avaliar como estas mudanças podem impactar nos itinerários que fazem escalas em Cuba.
Em novembro do ano passado, a Virgin Voyages anunciou que em 2020 atracaria em Havana com o "Scarlet Lady", que está em construção em um estaleiro da Itália.