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Quem são os homens que estão negociando o futuro da Itália

Resolução do impasse sobre novo governo italiano está nas mãos de di Maio, um anti-sistema, e de Salvini, um ultra-direitista aliado a Berlusconi

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

Nenhum partido formou maioria no Parlamento
Nenhum partido formou maioria no Parlamento Nenhum partido formou maioria no Parlamento

A negociação para saber quem será o primeiro-ministro da Itália continua, apesar de um projeto de governo já ter sido apresentado em conjunto pelas duas maiores coligações do país, o Movimento 5 Estrelas, liderada por Luigi di Maio e a Liga, coordenada por Matteo Salvini. Os dois foram cotados para assumir o cargo, mas estão em busca de um nome que represente os interesses dos dois lados, algo que parece ser difícil. Ainda que não sejam eles a assumir o posto de primeiro-ministro, Di Maio e Salvini são os dois homens que decidem o futuro da Itália.

O resultado fragmentado das eleições legislativas da Itália acabou fazendo com que as duas maiores forças políticas tivessem que se unir para formar o governo.

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Di Maio e seu Movimento 5 Estrelas foram o partido mais bem votado. No entanto, a Liga de Salvini se uniu com o Forza Italia, partido de Silvio Berlusconi e, juntos, eles possuem a maioria, ainda que não absoluta das cadeiras do Parlamento.

O professor de Relações Internacionais da ESPM Demetrius Pereira esclarece que Berlusconi e Salvini juntos teriam o direito de nomear o novo-primeiro ministro do país, mas decidiram fazer um acordo com di Maio.

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Mas quem são os dois homens, que após afirmarem por diversas ocasiões que não chegariam a um acordo, estão sentados definindo o futuro da Itália, uma das principais forças políticas e econômicas da Europa?

O anti sistema moderado

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Logo em seu primeiro mandato, di Maio ganhou destaque
Logo em seu primeiro mandato, di Maio ganhou destaque Logo em seu primeiro mandato, di Maio ganhou destaque

Luigi di Maio, 31 anos, é um rosto novo na política italiana. Seu primeiro cargo foi como deputado, em 2013, quando tinha apenas 26 anos e foi o principal candidato do Movimento 5 Estrelas. “Ele veio para contestar o sistema”, define Pereira.

Di Maio tem um posicionamento considerado moderado dentro do seu partido. Apesar de ser bastante crítico em relação a União Europeia, ele não deseja sair do bloco, por exemplo.

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Logo em seu primeiro mandato, foi indicado por seu partido, o Movimento 5 Estrelas, para assumir uma das vice-presidências da Câmara dos Deputados do país. Se tornou o político mais jovem a ocupar essa vaga.

Sua influência dentro do partido tem estreita relação com a intimidade que ele tem com o fundador do partido, o comediante Beppe Grillo. Grillo, imediatamente viu em di Maio a imagem que ele gostaria de colocar em seu partido. Ainda atualmente, o jovem político é muitas vezes retratado na mídia italiana como um fantoche de seu mentor comediante, fundador do Movimento 5 Estrelas.

Pereira explica que a principal plataforma do Movimento 5 Estrelas é ser um partido anti sistema, que critica tanto o último governo, de centro-esquerda do PD (Partido Democrático), quanto as propostas de Silvio Berlusconi, líder da centro direita italiana.

Mas di Maio é um moderado dentro da legenda. O Movimento 5 Estrelas defende, por exemplo, a saída da Itália da União Europeia, posicionamento rechaçado por ele.

Para conseguir crescer tanto em tão pouco tempo, o partido sempre apostou em plataformas digitais. Uma estratégia que caiu com uma luva na biografia de Di Maio.

Após abandonar a faculdade pela segunda vez — a primeira tentativa foi engenharia da computação e depois direito — e não concluir nenhum dos cursos, di Maio começou a trabalhar com marketing nas redes sociais e foi assim que entrou para o Movimento 5 Estrelas, atualmente, o maior partido na Itália.

“Ele tem muita ênfase no discurso da democracia e costuma consultar os eleitores na internet”, lembra o professor.

Ex-esquerdista de direita

Salvini acordou com Berlusconi o comando da direita
Salvini acordou com Berlusconi o comando da direita Salvini acordou com Berlusconi o comando da direita

Matteo Salvini, 45 anos, representa o outro lado dessa disputa pelo poder na Itália.

Assim como di Maio, Salvini iniciou dois cursos na universidade e não terminou nenhum. Ele estudou ciências políticas e história. O líder do Liga iniciou na política no início da década de 1990, quando seu plano de governo era separar a região da Padania, no norte da Itália do restante do país. Ele chegou a integrar uma ala do partido chamada "Comunistas Padanos" nesse período.

No começo dos anos 2000, no entanto, Salvini se aproximou da extrema-direita e abandonou seus ideais separatistas. Teve início uma cruzada pessoal contra a União Europeia. Foi então que ele se afastou de seu cargo como vereador em Milão e se candidatou a uma vaga como eurodeputado. E venceu.

O mandato de Salvini como eurodeputado foi de 2004 a 2006 e ele aproveitou o espaço para fazer críticas à União Europeia e ao euro. Ele chamou a moeda de um “crime contra a humanidade”.

“As críticas de Salvini em relação ao Euro são porque a Itália não pode emitir a própria moeda e nem tem autonomia para controlar a taxa de juros”, destaca Demetrius.

Nas últimas eleições, a Liga foi o segundo partido mais votado, mas graças a uma coalizão com Silvio Berlusconi, a direita e a extrema-direita unidas se tornaram o maior grupo político do país. “O Salvini e o Berlusconi concordaram que quem tivesse mais votos iria representar a centro-direita. Então é o Salvini quem lidera a coalizão”, explica o professor.

Esse acordo, no entanto, freou as ideias mais exaltadas da extrema-direita liderada por Salvini, tanto que o projeto de governo apresentado não traz nenhuma manifestação sobre a saída do bloco ou o abandono à moeda europeia.

Apesar disso, uma das marcas do novo governo deve ser um controle maior sobre a imigração.

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