O Reino Unido entrou nesta sexta-feira (1º) em um novo mundo dos costumes e das fronteiras após a entrada do vigor do Brexit, sua saída da União Europeia (UE), que foi oficializada às 23h de Londres e meia-noite de Bruxelas, sede do bloco (20h de Brasília).
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A espanhola María Soneira revelou que não queria sustos. Há oito anos, ela vive no sul da Inglaterra e depois de passar alguns dias de férias, temia que a falta de documentos a impedisse de voltar para casa.
"Não tínhamos certeza de como provar que você tem o direito de viver aqui, porque eles não deixaram isso muito claro", disse Soneira à Agência Efe, assim que pisou no aeroporto de Heathrow, em Londres, poucas horas após a concretização do Brexit.
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O apressado acordo com a UE para definir a relação pós-Brexit, que foi acertado há apenas uma semana, deixou dúvidas generalizadas nos viajantes.
Incertezas para europeus
O francês Sébastien Paseau vive em Londres e decidiu se munir de patê e doces para atravessar o Canal da Mancha a bordo do trem da Eurostar. Felizmente para ele, a "mercadoria" não foi apreendida.
"Procurei ver se tinha o direito de trazer as mesmas coisas, minha comida, caso houvesse direitos alfandegários. Vi que não havia nenhuma informação em particular sobre o assunto, então fui como de costume e não houve mais nenhuma revisão", explicou.
A apreensão não é exclusividade dos membros da União Europeia que vivem na ilha. Os britânicos que vivem na UE também têm a desagradável nova experiência de ficar na fila de terceiros países ao chegar ao destino pretendido.
A abundância de documentação e burocracia à espera das transportadoras na nova era pós-Brexit não afetou o trânsito por Dover, principal porta de entrada e saída de mercadorias entre o continente e o Reino Unido, em seu primeiro dia.
O porta-voz do Eurotúnel, John Keefe, disse que a situação foi tranquila ao longo desta sexta-feira e que tudo "está calmo", com a passagem de poucos caminhões, como era esperado.
O tesouro britânico estima que ajustes do Reino Unido à vida fora da União Europeia custarão 7 bilhões de libras a mais para fazer negócios com a Europa.