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Tsunami na Indonésia: investimento teria evitado falha em alerta

Especialista lembra que país possui 22 equipamentos para detecção de ondas gigantes, mas nenhum funciona perfeitamente

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Foto aérea mostra rastro de destruição causado por terremoto seguido de tsunami
Foto aérea mostra rastro de destruição causado por terremoto seguido de tsunami Foto aérea mostra rastro de destruição causado por terremoto seguido de tsunami

A falha no sistema de alerta de tsunamis na Indonésia após o terremoto de 7,5 graus ocorrido na sexta-feira (28) foi provocada pelo próprio tremor, mas poderia ter sido evitada com mais investimentos em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias. A opinião é da especialista em gerenciamento de desastres Louise Comfort, professora de Relações Internacionais da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

“Esta não é uma questão exclusiva da Indonésia. Eu espero que, a partir de agora, sejam empreendidos esforços internacionalmente para valorizar os estudos”, diz a especialista em entrevista ao R7.

Até o momento, a tragédia na ilha de Sulawesi custou mais de 1.200 vidas e deixou 600 mil desabrigados.

Na opinião da americana, as autoridades locais fizeram o possível para alertar a população em perigo, mas o evento excedeu a capacidade de preparação local e os recursos existentes.

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Na sexta-feira, as ondas de até seis metros de altura devastaram a ilha de Sulawesi, especialmente a cidade de Palu. As autoridades chegaram a declarar um alerta de tsunami logo depois do tremor, mas o aviso foi retirado em cerca de meia hora.

Comunicação falha

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Segundo Louise — que faz parte de uma equipe de pesquisadores que, desde 2013, desenvolve o protótipo de um sistema de alerta e detecção precoce de tsunamis em outra ilha da Indonésia, Mentawai —, o país já conta com 22 equipamentos com boias para a detecção deste tipo de fenômeno.

Eles foram instalados depois que um tsunami devastador matou 226 mil pessoas no país em 2004. "Nenhum dos aparelhos funciona perfeitamente, entretanto, por falta de manutenção ou vandalismo", aponta a profissional. 

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“Há ainda uma rede terrestre que fornece dados confiáveis sobre abalos sísmicos e medições da maré, mas no momento da tragédia, por causa do terremoto, as torres de celulares estavam inoperantes e não havia eletricidade. Não havia comunicação”, aponta a professora.

Para a especialista, o risco de tsunamis é um problema global e, com mais investimentos na área de pesquisa, haveria uma significativa redução na perda de propriedades e vidas em decorrência desses eventos.

A tragédia na Indonésia tem de servir, diz Louise, para que os governos passem a considerar com mais atenção o gerenciamento de desastres naturais e o investimento em pesquisas de prevenção.

“Se nós podemos enviar foguetes a Marte, por que não é possível construir uma rede de prevenção a este tipo de problema nas cidades costeiras?”.

Sistema sem fio

O sistema desenvolvido pela pesquisadora e seu grupo consiste em uma rede de sensores submarinos que se conectaria a uma estação receptora terrestre e transmitiria informações em tempo real para a BMKG — a agência geofísica e meteorológica da Indonésia.

“Na fase de testes, conseguimos transmitir dados a até 25 km da costa sem falhas. Os cientistas na BMKG seriam responsáveis por ler e validar as informações, emitindo alertas para as cidades quando necessário. Todos seriam comunicados pela polícia por dispositivos móveis conectados a uma rede wireless (sem fio)”, detalha a especialista.

“O projeto é internacional e conta com quatro especialistas americanos e dois indonésios. Este seria o último ano de pesquisa, mas não passamos da fase final de testes porque houve atrasos na obtenção de um valor equivalente a US$ 69 mil (cerca de R$ 275 mil) por parte das agências da Indonésia — infelizmente”, diz a professora.

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