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Aécio Neves (PSDB) fala sobre governo Lula e eleições em 2026 em entrevista exclusiva à Record TV Minas

Deputado federal também criticou o projeto de lei do governador Romeu Zema, que libera o aumento de impostos de vários produtos

Minas Gerais|Do R7, com Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas

Aécio criticou a gestão econômica do governo Lula
Aécio criticou a gestão econômica do governo Lula Aécio criticou a gestão econômica do governo Lula

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) esteve ao vivo no quadro MGR na Política, da Record TV Minas, na noite dessa quinta-feira (28). Na ocasião, o deputado revelou que o partido deve lançar um candidato ao governo de Minas Gerais em 2026. 

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Aécio também fez críticas à gestão econômica do governo Lula, falou se acredita no risco de ruptura democrática no Brasil e o que pensa do governador Zema. Confira a entrevista na íntegra: 

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Como o senhor avalia o projeto de lei, de autoria do governador Romeu Zema, que foi aprovado pela Assembleia Legislativa e libera o aumento de impostos de vários produtos?

"O equívoco principalmente vindo de um governante que fez a sua campanha dizendo que isso jamais ocorreria, que não teria aumento em hipótese alguma, e você considerar hoje, por exemplo, o smartphone um bem supérfluo é desconhecer a realidade da nossa economia. Talvez seja o (bem) mais necessário de todos, principalmente para os trabalhadores autônomos. Eu acho que é um erro e demonstra a incapacidade que o governo teve até aqui de fazer o dever de casa, de enxugar os gastos. Nós fizemos isso nos meus dois governos, nós controlamos as despesas e a partir daí buscamos aumentar as receitas. Não adianta você querer aumentar a receita pelo caminho mais fácil do aumento de impostos sem diminuir as despesas, porque a conta ao final cairá sobre os ombros obviamente do contribuinte."

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Zema quer privatizar a Cemig, a Copasa e vender os royalties do nióbio. O senhor é a favor dessas privatizações? 

"Tive uma visão diferente quando fui governador do estado. Profissionalizei essas empresas, coloquei essas empresas no mercado de forma extremamente sólida. A Cemig aumentou por cinco, seis vezes o seu valor de mercado, passamos a ter parcerias com empresas de fora de Minas Gerais. Eu acho que discutir a privatização de determinados setores é obrigação nossa, mas sem diminuir o quórum na Assembleia, porque isso facilita a negociação de qualquer governo, com metade mais um dos parlamentares, o que poderia levar à venda de patrimônios importantes para o estado. Acho que as nossas empresas precisam ser profissionalizadas. Em relação à Cemig, eu vejo com muita preocupação a sua "desmineirilização". Nós vemos hoje pessoas de fora, sem a cultura da própria Cemig, sem a cultura de Minas Gerais comandando os destinos da empresa.

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Acho que essa discussão neste momento, de forma açodada, não faz bem ao estado, até porque se você diminuir o quórum necessário, que é o que o governo quer para aprovar a desestatização das empresas, você passa a não ter necessidade de apresentar um modelo, né? Vamos discutir a Cemig, sobre a geração, a distribuição, a transmissão que poderia eventualmente ser colocada no mercado em benefício dos mineiros, mas isso com quórum qualificado."

Zema tem discurso de negação da política, que ele não é político, não faz política. Como o senhor analisa essas declarações?

"Não gosto daqueles que na política negam a política. Tão negando a essência daquilo que eles estão fazendo e acabam por demonizar na cabeça das pessoas um pouco sobre o que é política. A política é a mais nobre das atividades desenvolvidas. Não é um perfil que me agrada. Acho que é um homem de bem, um governo correto, mas ele está há anos luz daquilo que Minas precisa. Acho que o governador ainda não tem a dimensão clara da importância de governar Minas Gerais, que deve ser um ator não apenas das questões locais. Por exemplo, um governador de São Paulo e um de Minas são atores políticos que devem interferir nas questões federativas, estamos aí discutindo agora a reforma tributária. Discutimos recentemente a questão do marco do saneamento, e não há a presença de Minas nessas discussões, os grandes debates nacionais em benefício de todo o Brasil. Nós somos a síntese do Brasil, nós não temos o direito sequer de sermos excludentes, porque Minas é rica em determinadas regiões e é tão pobre como como as mais pobres do Brasil em outras regiões. Isso nos dá autoridade inclusive para mediar conflitos."

O PSDB já teve uma grande representatividade em Minas e no Brasil. O que aconteceu com o partido?

"Nós vamos participar do pleito do ano que vem em todas as grandes cidades do Brasil e vamos certamente ter candidatura ao governo do Estado. Nós somos do partido que tem um pensamento programático, nós defendemos um governo liberal na economia, inclusivo do ponto de vista social, com políticas públicas claras. Inclusive nós já desenvolvemos isso nos nossos governos e no próprio governo do presidente Fernando Henrique. É uma nova via, uma via que vai além dos partidos políticos, o Brasil é de centro. O Brasil não é extremista, e o PSDB tem autoridade pelo seu passado, pelo seu legado, pelas figuras que ainda militam no partido, de apresentar ao Brasil uma alternativa ao lulopetismo de um lado e ao bolsonarismo de outro. É fácil, não é; mas é um grande desafio ao qual eu estou hoje vinculado e mergulhado. Eu acredito sim em 2026. O Brasil vai ter uma alternativa aos dois extremos e será importantíssimo."

O senhor considera ou descarta uma terceira candidatura ao governo de Minas?

"Ouço isso por onde eu ando, do mineiro do interior, da capital também. Existe um sentimento da ausência de Minas, uma certa frustração por não ver Minas ocupando, participando das grandes decisões, mas o destino já foi generoso demais comigo, e os mineiros também. Governei Minas por dois mandatos com resultados extraordinários, tínhamos a melhor educação do Brasil, a melhor saúde do Sudeste, os maiores investimentos em segurança pública, com a diminuição dos nossos indicadores como jamais havia acontecido. Éramos exemplos de gestão pública para organismos internacionais, como Banco Mundial, ligamos mais de 220 cidades, fizemos todas as grandes obras viárias do entorno da capital, Antônio Carlos, Linha Verde, Cristiano Machado. É claro que existe esse sentimento de retorno a esse tempo, mas eu acho que é hora de renovar, mas eu vou estar aqui atento, ativo para buscar construir uma candidatura que possa representar o retorno de Minas aos tempos em que nós governamos o estado. Na vida pública, obviamente, você não tem o direito de descartar algo que interessa à sociedade, interessa aos mineiros, mas eu vou estar muito mais confortável ajudando a construir uma nova alternativa."

Como o senhor está acompanhando o trabalho do ministro Fernando Haddad. A economia está melhorando?

"Temos alguns indicadores positivos em relação ao PIB e outros negativos. Como, por exemplo, o déficit das contas públicas nesses primeiros oito meses foram os maiores de qualquer presidente em primeiro ano de mandato. O governo não consegue economizar, é um governo gastador. O ministro Haddad propõe o déficit zero no ano que vem sem um esforço de contenção de gastos. Muito diferente daquilo que nós fizemos aqui em Minas Gerais, não acredito que alcançará apenas pelo aumento de receita ou pelo aumento de tributos, que o Congresso não aceitará. A agenda que esse governo Lula 3 traz é muito mais com os olhos no retrovisor da história do que no para-brisa, é um governo que prefere manter uma ocupação discriminada da máquina pública pelos companheiros, alianças internacionais com as ditaduras amigas, inclusive usando recursos do Tesouro brasileiro.

Aqueles empréstimos que denunciei na campanha de 2014, para a Venezuela e Cuba, tiveram dois terços pagos. Essas questões o governo não gosta de falar. Aliás, o presidente Lula tem uma dificuldade muito grande com a crítica. O presidente Lula tem dificuldade em aceitar a crítica, mas nós do PSDB, que somos oposição ao governo, não nos negamos a votar nenhuma matéria de interesse do país, seja o novo Bolsa Família, o novo Minha Casa, Minha Vida. Essa é a oposição madura que o PSDB faz.

O governo está fragilizado perante o Congresso Nacional, e nós estamos vendo as consequências disso, diria que esse grupo político intitulado centrão no Congresso, ele cresce quanto mais frágil é o governo. Bolsonaro quando estava fragilizado deu a esse grupo uma força muito grande. Sonho com algo muito maior, muito melhor para o Brasil do que esse governo, repito que até aqui não apresentou absolutamente nada de novo ao Brasil, é um governo que se contenta com muito pouca coisa."

Bolsonaro foi o primeiro presidente a não ser reeleito, o que ele fez de errado?

"Não sei se nós vamos ter tempo para dizer tudo que ele fez de errado, ele perdeu para si próprio, pelos equívocos do seu governo. Seja na administração da pandemia, seja na forma, talvez um pouco desrespeitosa com que tratava alguns temas. Talvez não tenha tido também a dimensão da importância da sua função. Na economia, teve virtudes, mas do ponto de vista da relação com a sociedade, não passou aquilo que meu avô Tancredo chamava da liturgia do cargo. Essa sucessão de equívocos fez com que ele perdesse a eleição, e nós estamos tendo aí o PT de volta, mas a grande maioria da população, na minha concepção, não é nenhuma coisa nem outra. Vota Lula, uma parte porque rejeita Bolsonaro, e uma parte vota em Bolsonaro porque rejeita Lula. Mas existe no meio do caminho uma avenida extremamente larga talvez de 30% a 35%, a 40% que espera de algo novo."

Depois de tudo que aconteceu depois da eleição, especialmente o 8 de janeiro, o Brasil correu um risco de ruptura democrática, de golpe de Estado?

"Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O que aconteceu em 8 de janeiro é algo absolutamente condenável, inimaginável, e nós vimos cidadãos depredando as instituições da República. Sou filho da democracia, acompanhei o processo de democratização do Brasil. Meu avô Tancredo foi um grande timoneiro naquele momento. Qualquer ameaça à democracia me traz um desgosto profundo, o que vi ali foi uma ação absolutamente irresponsável de muitas daquelas figuras, uma manifestação totalmente desorganizada. Não sei se aquele grupo teria condições, com muita sinceridade, talvez algumas até não me interpretam bem, de derrubar o governo. Não existiam lideranças, do Exército, lideranças das Forças Armadas assumindo a condução daquele processo, mas aquelas pessoas correram risco invadindo prédios públicos. Eles têm que ser responsabilizados de forma pedagógica, para que isso não ocorra no futuro, mas o que ficou disso tudo é a solidez das nossas instituições."

Assista à participação de Aécio no estúdio:

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