“Foram quase duas horas de sofrimento”, diz a auxiliar de serviços gerais de 32 anos que foi mantida refém em uma loja de calçados no centro de Belo Horizonte, na noite dessa terça-feira (5). O suspeito foi morto por um atirador de elite da PM (Polícia Militar) depois de manter a vítima sob a mira de uma arma dentro do comércio.
A mulher, que preferiu não ser identificada conversou, com exclusividade com o jornalismo da RecordTV Minas, na manhã desta quarta-feira (6), cerca de 12 horas após o pesadelo. Ela comprava uma bota para a filha mais nova, que fazia aniversário, quando Paulo Henrique Correia, de 32 anos, entrou na loja e tentou se passar por cliente, mas já era perseguido por policiais. Quando ele foi abordado pelos militares, ele a pegou como refém.
— O policial mandou ele largar a sacola, mas ele negou e foi para onde eu estava. Na hora que o policial apontou a arma para ele, ele pegou o meu pescoço, abriu a sacola preta, onde estava enrolada a arma e apontou para cabeça dele e já me puxou para o canto da loja. Eu momento algum ele apontou a arma para mim. Sempre para a cabeça dele.
Paulo chegou a dizer que não faria mal a refém, mas parecia confuso e fez três disparos.
— Assim que ele tirou a arma da sacola ele fez um disparo para o chão e depois ele deu mais dois, mas não sei se foi para o alto ou se foi para o lado direito dele.
Enquanto isso, na casa da mulher mantida refém, as irmãs e a filha tentavam entrar em contato com ela por telefone. Os parentes ficaram desesperados. Paulo usou o telefone da refém para falar com a mãe dele em tom de despedida.
— Nós fizemos duas ligações para a mãe dele e ele falou para mãe que ia tiraria a própria vida. Ela pediu para ele não fazer nada contra mim e contra a vida dele. A reação dele foi dizer que não tinha mais jeito e que ele já tinha feito besteira e que ele preferia ser morto do que ser preso.
Segundo o major Flávio Santiago, porta-voz da PM, apesar de todos os esforços da polícia, o sequestrador não se rendeu e, em um momento de tensão, teria apontado a arma para a vítima. Um atirador de elite fez um único disparo que matou Paulo e deu fim ao sequestro.
— Depois de duas horas com o negociador ratificando que não havia nenhuma condição de diálogo com o individuo que se apresentava muito transtornado, ele aponta a arma para ela com o cano a retaguarda e dedo no gatilho.
A refém ouviu o tiro, mas só percebeu que o sequestrador tinha sido baleado depois que homem caiu.
— Eu não vi nada. Não sei quem atirou. Quando assuntei, ele já tinha caído no chão e veio um policial em minha direção. Ei não sei como foi porque eu estava o tempo todo em oração. A equipe da polícia foi muito profissional. Eles tentaram argumentar.
Segundo a PM, Paulo morava em Ribeirão das Neves, na Grande BH e já tinha passagens por roubo e tráfico de drogas.
Ainda traumatizada com a violência, a auxiliar de serviços gerais conta que agora respira aliviada depois de ter visto as filhas novamente.
— Só tenho que agradecer a Deus. A todo tempo Deus estava comigo.
Veja a entrevista na íntegra: