O MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) enviou à Justiça, nesta segunda-feira (2), um pedido de suspensão do transporte de minério no mineroduto Minas-Rio, da empresa Anglo American. A medida foi tomada após a estrutura se romper e causar dois vazamentos em um período de 17 dias, na cidade de Santo Antônio do Grama, a 227 km de Belo Horizonte.
O MP também pede que a empresa seja obrigada a adotar medidas para acabar com o vazamento, retirar e dar destinação adequada para o material poluente.
O primeiro acidente aconteceu na manhã do dia 12 de março. De acordo com a promotoria de Justiça, 450 toneladas de uma mistura de minério e água jorraram no meio ambiente. O material atingiu o Córrego Santo Antônio, responsável pelo abastecimento de água para a cidade de Santo Antônio do Grama. O fornecimento de água chegou a ser interrompido, mas foi regularizado após ser eliminada possibilidade de contaminação.
Leia mais notícias no Portal R7
Na última quinta-feira (29), o mineroduto apresentou outra falha e a polpa de minério voltou a vazar a cerca de 200 metros do primeiro rompimento. Segundo a mineradora britânica, os problemas aconteceram por falhas na solda da estrutura. Dessa vez, segundo a empresa, foram 640 tonelada de material vazado.
Após o primeiro vazamento, a empresa teve R$ 10 milhões bloqueados para garantir a indenização e reparação e dos danos. Também ficou determinado que a mineradora deve:
• Adotar medidas para cessar o vazamento e a contaminação do meio ambiente imediatamente;
• Dar destinação ambiental adequada aos poluentes no prazo de 72 horas;
• Providenciar cadastro dos atingidos pela falta de água, fornecendo-lhes água potável
• Pagar auditoria ambiental independente no complexo
• Apresentar resultado da auditoria em 120 dias com informações sobre os níveis de poluição e degradação ambiental.
Leia também
Anglo diz em relatório ao Ibama que 2º vazamento de minério foi de 647 toneladas
Anglo American precisará de 90 dias para inspecionar vazamento em mineroduto no Brasil
Anglo paralisa operações por pelo menos 1 mês após novo vazamento em mineroduto
Ibama manda parar operação de mineroduto da Anglo American após segundo acidente
Procurada pelo R7, a Anglo American informou que ainda não teve acesso à petição do MP, mas que as operações estão suspensas desde o dia do segundo rompimento. Além disso, a empresa ressaltou que medidas de remação e contenção do material já estão sendo tomadas. Veja a nota na íntegra:
"As operações da empresa estão suspensas desde o dia 29/3, quando foi detectado vazamento no mineroduto na altura do município de Santo Antônio do Grama (MG).
O vazamento durou entre cinco e oito minutos. Cerca de 170 toneladas de polpa de minério foram carreadas para o córrego Santo Antônio do Grama. Outras 470 toneladas atingiram duas propriedades da região. O abastecimento de água do município não foi afetado porque agora a água está sendo captada do ribeirão Salgado.
As medidas de contenção e reparação continuam em andamento. São 37 barreiras de contenção ao longo do ribeirão Santo Antônio do Grama. A pluma não alcançou o rio Casca. A empresa mantém mais de 200 profissionais trabalhando na limpeza da calha e das margens do córrego.
O mineroduto havia retomado suas operações de forma gradual no dia 27/3, após a realização de inspeções por ultrassom nos tubos adjacentes ao primeiro vazamento e testes de pressurização com água em toda a extensão do duto. Esses testes indicaram a integridade dos tubos e condições favoráveis à volta da operação. A volta só ocorreu após a anuência dos órgãos ambientais.
A Anglo American não teve acesso à petição."
Veja vídeo do primeiro vazamento: