Segurança impede cliente negra de entrar em supermercado em BH
Funcionário afirmou que ela seria "esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias”
Minas Gerais|Do R7, em Belo Horizonte

A jornalista e publicitária Etiene Martins, de 32 anos, só queria comprar uma lâmpada no centro de Belo Horizonte na segunda-feira (4). Ao tentar entrar em um supermercado, na rua da Bahia, foi impedida pelo segurança porque carregava uma mochila.
Ela perguntou onde era a entrada e segurança terceirizado gritou que a bolsa deveria ser colocada no guarda-volumes. Como viu outros clientes entrando com mochilas, passou pela roleta e foi ameaçada com um cassetete.
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O funcionário ainda gritou que ela era "esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias”.
Revoltada com o preconceito por ser negra, a cliente publicou um desabafo no Facebook que já recebeu 3.000 curtidas e quase 700 compartilhamentos.
— Hoje descobri que sou o tipo de gente que rouba o Dia Supermercado! (...) Perguntei ao segurança onde era a entrada, já que de um lado havia uma roleta e do outro os caixas. O segurança, que se chama Nivaldo, olhou pra mim com seus olhos azuis de cima abaixo e gritou agressivamente que era para eu colocar a minha bolsa no guarda volume. O supermercado parou, funcionários e clientes voltaram a atenção para nós.
Mesmo com a perplexidade dos outros clientes, ninguém se aproximou e o segurança ainda gritou com a jornalista e mostrou o cassetete.
— Rodei a roleta e o segurança tirou o cassetete da cintura para me intimidar. Mesmo com medo, perguntei a ele se ele achava que eu iria roubar a loja. Ele olhou pra mim e falou bem alto: “é esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias”.
Ao denunciar a agressão a uma supervisora do supermercado, a jornalista ouviu que o segurança já tinha discriminado outros clientes.
— Ela me disse que isso já havia ocorrido outras vezes e que ela só estava esperando outra pessoa reclamar para pedir a substituição do mesmo. Aí não aguentei. Solução da história: fomos parar na delegacia eu e ela para fazer um B.O. de constrangimento, calúnia e ameaça. Tudo isso levou três horas e meia.
Com a repercussão do caso, o perfil oficial do supemercado Dia postou, na página da cliente, uma mensagem em que pede "desculpas por todo o transtorno", afirma que "não compactua com quaisquer posturas inadequadas dos nossos colaboradores ou parceiros" e que a administração está "averiguando o ocorrido para tomar as providências necessárias".