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Pfizer está alterando o coronavírus para lucrar com novas vacinas?

Vídeo de um suposto diretor da farmacêutica que fala dessa 'iniciativa' da empresa circula nas redes sociais, mas não há evidências concretas sobre o assunto

MonitoR7|Da EFE, com R7

Vídeo de suposto diretor da Pfizer está circulando nas redes
Vídeo de suposto diretor da Pfizer está circulando nas redes Vídeo de suposto diretor da Pfizer está circulando nas redes

Um vídeo gravado com uma "câmera oculta" e um suposto diretor da Pfizer tem circulado nas redes sociais nos últimos dias. Nele, um "funcionário" da Pfizer alega que há "aviões secretos" da farmacêutica confiscados para que a empresa consiga mutar o vírus da Covid-19 e lucrar com futuras vacinas de mRNA. A informação, porém, não tem comprovação nem evidência científica.

Além disso, o vídeo foi produzido pelo projeto Veritas — um grupo considerado de extrema direita e que se impõe como um agente investigador das más condutas da sociedade e de empresas —, e não há provas concretas de que o protagonista trabalhava na farmacêutica e não é um intérprete.

Diversas contas em redes sociais difundiram as imagens com afirmações como: "A farmacêutica está fazendo testes em macacos para que a Covid se torne mais perigosa e assim se crie a necessidade de novas vacinas". Só no Twitter, a afirmação acumula mais de 47 milhões de reproduções.

Sem impressão digital

O homem que aparece no vídeo se apresenta como Jordon Trishton Walker e atribui a si o cargo de "diretor de Operações Estratégicas da Investigação e Desenvolvimento da Pfizer sobre mRNA".

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Apesar da magnitude das declarações, a pegada digital da gravação é inexistente, com poucos vestígios online, mesmo que os resultados da busca sejam filtrados antes de sua publicação.

Por meio de uma busca avançada no Google, basta acessar uma página da Escola de Medicina da University of Southwest Texas, na qual o nome "Jordan Trishton Lee Walker" aparece em uma lista de ex-alunos da turma de 2018.

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Também é possível encontrar imagens de um homem com aparência semelhante em eventos dessa universidade naquele mesmo ano.

Uma procura com a ferramenta de busca facial PimEyes revelou outra foto de um homem muito parecido — imagem encontrada na página do Harvard Urological Surgery Residency Program, do Massachusetts General Hospital, tirada em 2019. 

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Tentamos contato com essa instituição para confirmar a identidade do homem, mas não obtivemos resposta.

Sem ligação com a Pfizer

Ao pesquisar palavras-chave, o Google não traz resultados legítimos que associem esse nome à empresa farmacêutica.

Na Pfizer, não há registros dessa pessoa na lista de diretrizes da empresa, em cargos equiparados ou descritos no vídeo. As versões anteriores do diretório também não aparecem, como mostra o Wayback Machine, em um banco de dados com cópias de páginas da web.

O cargo mais parecido com o descrito na gravação é um de “diretor de Pesquisa e Desenvolvimento e Estratégia Científica do mRNA”, que há alguns meses aparece como vago nas plataformas de busca de emprego. No entanto, não há informações sobre isso na empresa.

Não é possível mutar artificialmente

No vídeo, no minuto 9,58, o suposto líder da Pfizer responde a várias perguntas de um repórter disfarçado do projeto Veritas e insinua que os projetos de mutação do vírus estão relacionados a estudos de "evolução dirigida" e "ganho de função".

O professor e infectologista Alejandro Macías, do Sistema Nacional de Investigadores do México, assegurou que, de acordo com as evidências científicas disponíveis, não é possível que um vírus artificial sofra mutações.

Por outro lado, mencionou que existem "experiências para ver como um vírus pode sofrer mutações e a partir daí ganhar funções" e que "de fato alguns desses estudos foram limitados em suas publicações justamente para evitar que sirvam como armas biológicas".

No entanto, ele destacou que "não há evidências de que qualquer uma dessas investigações tenha levado ao desenvolvimento bem-sucedido de um vírus que possa ser transmitido por seres não humanos e do qual se beneficiam de alguma forma outras pessoas ou empresas".

A revista Nature descreve o papel da pesquisa "na qual os cientistas dão novas habilidades aos patógenos para estudá-los", em dois poucos artigos científicos sobre o assunto publicados em outubro de 2021.

Além disso, lista alguns experimentos desse tipo, que servirão para plantar futuras mutações em vírus, mas indica que não há evidências de que essa tenha sido a origem da pandemia de Covid-19, como insistem as teorias da conspiração.

Pfizer desmentiu

A farmacêutica negou a realização de estudos para mutação do vírus da Covid, em uma mensagem à imprensa publicada no dia 27 de janeiro.

"No desenvolvimento contínuo da vacina Pfizer-BioNTech Covid-19, a Pfizer não conduziu pesquisas de ganho de função ou evolução direcionada. Trabalhando com colaboradores, realizamos pesquisas em que o vírus Sars-CoV-2 original foi usado para expressar a proteína spike de novas variantes preocupantes. Esse trabalho é realizado quando uma nova variante de preocupação é identificada pelas autoridades de saúde pública", diz a empresa.

Em seguida, a Pfizer lista a pesquisa que cobre no desenvolvimento da vacina, que, conclui, é "exigida pelos reguladores globais."

Vídeo com cortes e edições

Em vários momentos, o vídeo que viralizou é visivelmente cortado, e Walker é visto falando de locais diferentes.

Solicitamos uma cópia das gravações originais, mas não obtivemos resposta.

Em resumo, o vídeo viral não mostra que a Pfizer planeja fazer uma mutação no vírus da Covid. A gravação está editada, e não há vestígios do suposto gerente nem indícios de sua relação com a empresa.

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