Desde 2018, quando estreou a série espanhola "Elite", a Netflix tem investido em narrativas adolescentes, trazendo protagonistas de nacionalidades distintas aos olhos dos seus milhões de assinantes. No último fim de semana, a plataforma de streaming estreou a sul-africana “Sangue e Água”, que conta a história de uma adolescente em busca de provas sobre o caso de sua irmã perdida durante a infância na Cidade do Cabo, um dos grandes centros urbanos da África do Sul.
A produção narra a busca da protagonista, Puleng Khumalo, 16, que troca de colégio para investigar se Fikile Bhele (Khosi Ngema) é sua irmã primogênita procurada pelos pais há quase duas décadas. Em seis episódios, a trama mostra o envolvimento da estudante com a possível família, sua obsessão com o caso e as instabilidades familiares causadas pela acusação de tráfico humano do seu pai.
Durante os primeiros episódios, o público é instigado com a vontade de Puleng em descobrir sua irmã, mas as lacunas deixadas e a obviedade da narrativa podem não empolgar. Primeiro porque não há explicação para a vontade repentina da investigação da protagonista, além disso, não se explica bem como uma garota problemática consegue facilmente vaga em uma das escolas de elite da cidade. Sem contar que os desencontros e a falta de tensão nos ganchos dos episódios enfraquecem a trama principal.
Contudo, a escolha do elenco, locações e fotografia são pontos acertados. Inclusive, a Cidade do Cabo poderia ser mais explorada, mostrando mais tensões que naturalmente a área urbana da metrópole proporciona. Embora os acontecimentos sejam semelhantes às produções do gênero, “Sangue e Água” encanta pelo carisma, pelos protagonistas de perfis sociais distintos e por ser a 1ª série adolescente africana na plataforma.