Se o isolamento social alcançou em São Paulo níveis considerados satisfatórios pelo governo estadual; se todo mundo que precisa sair às ruas usa máscaras e fica a pelo menos um metro de outros viventes; se mesmo assim o número de óbitos continua crescendo, não faz sentido insistir em manter inalterada a fórmula que já dura dois meses. É hora de redesenhar a estratégia de combate à pandemia de coronavírus, antes que ao desastre sanitário se some a falência econômica de São Paulo e do país.
Seja bem-vinda, portanto, a ressalva feita pelo governador João Doria ao avisar que o isolamento social será prorrogado mais uma vez. "A quarentena vai continuar", informou, "mas de forma inteligente e não de forma homogênea, como vem sendo feita". É um equívoco impor à Grande São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, as mesmas restrições aplicadas a municípios excluídos da rota do coronavírus. É um erro evidente impedir que Ribeirão Preto, que se preparou exemplarmente para iniciar neste maio a retomada da atividade econômica, seja algemada por normas concebidas para proteger do vírus chinês pequenas cidades desprovidas de leitos de UTI.
Há poucos dias, Doria ampliou enriqueceu o grupo que combate a pandemia em território paulista com a criação de uma comissão formada por prefeitos. A intensificação da troca de ideias com administradores municipais certamento ajudou o governador a radiografar o Estado com mais nitidez. Essa correção de rota comprova que o governador sabe ouvir. Melhor para São Paulo. Melhor para o Brasil.