À frente do ministério mais importante no coração do Executivo Federal, a missão política pessoal do senador Ciro Nogueira vai muito além da gerência do governo, típica da Casa Civil, e da articulação política do governo Bolsonaro. O parlamentar licenciado ambiciona turbinar o poder de influência do Partido Progressista, levando a legenda a uma posição semelhante à exercida por décadas pelo então gigante MDB.
Por ora, o ministro gosta de se definir como “amortecedor”, no desempenho de suas funções políticas. Tanto que publicou em sua rede social a peça de contenção de baques nos automóveis, pintada de verde e amarelo, que hoje adorna seu gabinete no Planalto, presenteada por um amigo e apoiador. O primeiro baque a amortecer, no caso, é o recente embate entre o presidente Bolsonaro e membros da cúpula do Judiciário.
Sem nada a oferecer ao presidente do STF, Luiz Fux, Ciro Nogueira chegou de mãos vazias para a conversa, e saiu acenando com o único remédio que tinha para a crise: a retomada do diálogo. Fux, que também administra a ira dos integrantes da Corte e do TSE diante dos ataques de Bolsonaro, deu declarações protocolares e formais, inclusive na abertura da sessão do STF, consciente de que o problema é maior do que parece.
O desafio de Ciro Nogueira, além de conter os ímpetos do presidente e demovê-lo da ideia de encabeçar um inócuo pedido impeachment contra os ministros Alexandre de Moraes e Roberto Barroso, é levar adiante projeto ainda mais ambicioso: viabilizar a própria candidatura ao governo do Piauí, estando no palanque de Bolsonaro em 2022.
O ministro observa com atenção os movimentos do ex-presidente Lula, que se movimenta pelo nordeste, seu tradicional reduto eleitoral, e aproxima-se de líderes do PP na região, com a ajuda de governadores petistas. Nogueira, que já apoiou os governos Lula e Dilma, não desconhece a força da legenda na região e se prepara para enfrentá-la. O sucesso da missão vai depender diretamente do desempenho de Bolsonaro em Brasília e no nordeste.
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