O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não escondeu a interlocutores a irritação com a entrevista do ministro Paulo Guedes, em que o titular da Economia detalha medidas a serem apresentadas ao Congresso esta semana. Como sinal de sua insatisfação, Maia ameaça não comparecer ao gabinete do presidente do senado, Davi Alcolumbre, na manhã desta terça, para recepcionar o presidente Jair Bolsonaro, que entregará as primeiras propostas de emendas constitucionais de um conjunto de 6 medidas.
O democrata considerou desrespeitoso o tom do ministro ao criticar a criação de fundos públicos, os quais pretende extinguir. De acordo com Guedes, "alguns destes fundos foram feitos por um pirata privado, uma criatura do pântano político e um burocrata corrupto - um hoje mora em Miami, outro fugiu para Portugal e o terceiro morreu". A maior parte dos fundos é instituída após votação pelo Congresso.
O ministro também atropela o presidente da Câmara, responsável por pautar as votações, quando estabelece prioridade para a Reforma Administrativa. Entre os deputados, a percepção geral é que as medidas, antipáticas aos funcionários públicos, não têm chance de tramitar em pleno ano eleitoral. Maia deixou claro, nesta segunda-feira, que a prioridade será para o texto de seu correligionário, o deputado Pedro Paulo (DEM/RJ), que estabelece medidas automáticas de contenção de gastos públicos, em casos de crise financeira, e não a PEC sobre o mesmo assunto a ser encaminhada pela equipe econômica.
Maia distribuiu alfinetadas ao governo e seus integrantes em outras declarações ao longo do dia. Investiu contra o chefe do gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, ameaçando o general de convocação para dar explicações sobre suposto apoio à declaração do deputado Eduardo Bolsonaro sobre a possível volta do AI-5. "Virou um auxiliar do radicalismo do Olavo [de Carvalho] - declarou. O deputado ainda divulgou vídeo em que critica o despreparo da equipe de Bolsonaro na resposta ao vazamento de óleo no litoral nordestino.
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