O rápido ato público que marcou a entrega do conjunto de propostas do poder executivo para a Reforma Tributária foi marcado por um esforço de conciliação política em torno das mudanças nos impostos. A entrevista sobre o tema foi substituída por breves declarações, em que se destaca o apelo do presidente da Câmara para que a imprensa primeiro ouça os autores das propostas do governo antes de ouvir os críticos. O apoio de Rodrigo Maia é decisivo para o sucesso do andamento do texto.
Paulo Guedes, que já protagonizou embates com Maia em diferentes momentos, a começar pela reforma da Previdência, reconheceu que “é a política que dita o rumo das reformas”. O ministro admitiu que foram os parlamentares que mudaram a pauta da área econômica diante da emergência da pandemia. “Tínhamos tudo acertado quando o coronavírus nos atingiu e a política ditou o ritmo novamente”. E enumerou medidas adotadas após esta intervenção. “Fortalecemos a economia brasileira e protegemos a população” – destacou.
O ministro também declarou “confiança no Congresso” e sinalizou que não pretende interferir na autonomia de prefeitos e governadores, e prometeu respeito aos debates já avançados sobre projetos de reforma tributária tanto da Câmara quanto do Senado. ”Ao invés de mandarmos uma PEC, mandamos propostas que podem ser acopladas” – declarou Guedes.
Outro gesto de pacificação partiu de Rodrigo Maia, que dirigiu um agradecimento “especial” ao articulador político do governo, General Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo.“Ajuda ter um articulador político que tenha paciência e saiba conduzir o diálogo”.
O esforço de concertação ampla conta com a participação do presidente do senado e busca aprovar a reforma possível. Davi Alcolumbre ressaltou a necessidade e a urgência de se “construir um ambiente propício ao desenvolvimento" e "à geração de empregos”. Para não melindrar os senadores da comissão especial que trabalham na reforma há meses, reforçou que a proposta do governo será “incorporada e aperfeiçoada no espaço da comissão”.