Às vésperas da visita do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que chega a Brasília na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, declarou que o governo brasileiro não pretende “politizar” a separação entre crianças e pais brasileiros, detidos pela polícia de migração americana. “Nós não queremos politizar excessivamente este assunto, porque nosso objetivo é atender as pessoas, a partir da presença constante, do aconselhamento” - declara o chanceler.
Por meio de nota oficial, o Itamaraty já repudiou a prática, que classificou de “cruel” e desde a semana passada o governo brasileiro se desdobra para devolver a seus pais as crianças brasileiras, isoladas em 15 instituições de 6 diferentes localidades do país. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, seriam 51 os menores, com idade entre 5 e 17 anos. Pelo menos 3 deles seriam retirados de um dos abrigos, em Tucson, e encaminhados a familiares que já residem nos EUA.
“Agora nós vamos trabalhar com cada caso para resolver a situação legal deles”, diz o ministro, que promete assistência jurídica às famílias. A possibilidade de que elas sejam devolvidas sumariamente ao Brasil aumentou depois da declaração do presidente Trump neste domingo. Por meio de seu perfil no twitter, o líder americano declarou: “não podemos deixar que estas pessoas invadam nosso país”, “precisamos imediatamente, sem juízes ou processos judiciais, levá-los de volta para o local de onde vieram”.
O assunto deve ser abordado pelas autoridades brasileiras nas conversas com o vice de Trump. Um dos principais temas da viagem de Pence ao Brasil é justamente a situação dos refugiados venezuelanos. Em recente pronunciamento na OEA, o governo americano defendeu a suspensão da Venezuela deste organismo multilateral, e o endurecimento do isolamento diplomático do regime de Nicolás Maduro. Além de Brasília, Mike Pence deve viajar a Manaus e depois seguir para o Equador.