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A rota do combustível sustentável de aviação na América Latina 

ALTA discute o desenvolvimento de uma indústria produtora de SAF, que requer cooperação entre Estados e indústria privada e um quadro regulatório eficiente com segurança jurídica para atrair investimentos

Luiz Fara Monteiro|Do R7

Johanna Cabrera (LATAM), Pedro de la Fuente (IATA) e Erasmo Battistela (BSBios)
Johanna Cabrera (LATAM), Pedro de la Fuente (IATA) e Erasmo Battistela (BSBios) Johanna Cabrera (LATAM), Pedro de la Fuente (IATA) e Erasmo Battistela (BSBios)

O combustível de aviação sustentável, ou SAF, é uma pedra angular no caminho para o cumprimento das metas ambientais estabelecidas pela indústria aérea para atingir as emissões líquidas zero até 2050. Além disso, é um poderoso motor econômico com perspectivas de gerar importantes contribuições socioeconômicas a curto, médio e longo prazo para os países.

Na região latino-americana e caribenha, o desenvolvimento de uma indústria produtora de SAF requer cooperação entre Estados e indústria privada e um quadro regulatório eficiente com segurança jurídica para atrair investimentos.

Alcançar essa colaboração entre o setor público e privado é uma das questões prioritárias na agenda da ALTA Aviation Law Americas 2022, que será realizada de 14 a 16 de setembro no Rio de Janeiro, Brasil. O primeiro painel da conferência foi dedicado à SAF, com a participação de Pedro de la Fuente, gerente sênior de assuntos externos e sustentabilidade da IATA como moderador, Erasmo Batistella, CEO da empresa de energia BSBios, e Johanna Cabrera, Vice-Gerente de Sustentabilidade da companhia aérea LATAM.

Os especialistas discutiram o progresso do setor privado na implantação da SAF, os números de crescimento econômico derivados dessa indústria, as políticas públicas necessárias para atrair investimentos, a demanda existente e projetada das companhias aéreas e as perspectivas para os próximos anos.

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"A transição dos combustíveis à base de hidrocarbonetos para a SAF requer a criação de uma cadeia de produção e distribuição a partir do zero. Anteriormente, é necessário alinhar o trabalho indústria-governo, que é fundamental para alcançar políticas eficientes, pois é necessário ter segurança jurídica que permita investimentos e o desenvolvimento de infraestruturas que gerem competitividade. A região possui toda a matéria-prima necessária e a capacidade de gerar os empregos necessários para alcançá-la. Para citar um exemplo, já que estamos no Rio de Janeiro, o Brasil tem potencial com suas matérias-primas para suprir mais de 30% da demanda global de SAF até 2030. É uma grande oportunidade que não podemos perder", diz José Ricardo Botelho, Diretor Executivo & CEO da ALTA.

Erasmo Battistella, CEO da BSBIOS, compartilhou os detalhes do que será a primeira fábrica SAF na América Latina e no Caribe no Paraguai. Entre os destaques: a produção de 20.000 barris por dia com um capex estimado em 1,1 bilhões de dólares a partir de 2025 com matéria-prima óleo de soja, óleo reciclado e gordura animal. Battistella enfatizou que "é essencial rever a legislação sobre matérias-primas e ter uma única certificação em todos os países, caso contrário, isso torna o preço do FFS mais caro e o acesso a ele mais difícil". Batitistella também enfatizou a importância da segurança jurídica e do acesso ao capital como chave para o investimento na região. "O Paraguai tem oferecido as melhores condições tributárias e de competitividade para as exportações. Esta região tem todas as matérias-primas como nenhuma outra e devemos trabalhar com as autoridades e a indústria para criar as condições que permitam o desenvolvimento da indústria em nossos países.

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No campo da transição energética, a indústria aérea e os governos buscam objetivos comuns: a descarbonização total das operações aéreas e a redução das emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o ICF membro da ALTA, a indústria da aviação global precisará de 330 a 445 milhões de toneladas de SAF por ano, o equivalente a 180 mil piscinas olímpicas e atualmente a produção de SAF é inferior a 0,01% do consumo global de combustível a jato.

"A indústria da aviação é uma característica vital de nosso mundo moderno e globalizado, servindo como um conduto essencial para o comércio mundial e o desenvolvimento econômico. Entretanto, estes benefícios de conectividade criam um desafio ambiental. Embora o setor de aviação reconheça a necessidade crescente e urgente da sociedade de enfrentar o desafio global da mudança climática, ele também desempenha um papel vital na promoção do desenvolvimento sustentável e deve permanecer seguro, acessível e acessível para garantir uma mobilidade equitativa para todos os setores da sociedade. Portanto, precisamos do apoio dos governos para assegurar a adoção de um objetivo de longo prazo na próxima Assembleia da ICAO para a implementação de uma política harmonizada e objetivos comuns sobre nossa meta de descarbonização", diz Pedro de la Fuente, Relações Externas e Sustentabilidade da IATA.

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Johanna Cabrera, gerente adjunta de Sustentabilidade da LATAM Airlines, destacou em seu discurso a urgência de políticas públicas que contribuam para gerar incentivos e segurança jurídica para alavancar os investimentos necessários para o desenvolvimento de uma indústria produtora de SAF na região. "A LATAM procurará garantir que até 2030, 5% do combustível utilizado será FFS, uma medida importante que acompanha outras iniciativas como medidas operacionais e compensação de emissões de alta qualidade". A Cabrera também destacou que, como indústria, precisamos garantir que a transição energética seja eficiente e que os preços sejam mantidos sob controle para não aumentar as tarifas aéreas, que a indústria vem reduzindo há anos através de medidas operacionais e outras iniciativas.

A Associação Latino-Americana e Caribenha de Transporte Aéreo (ALTA) promove uma agenda de objetivos e projetos voltados para a implantação da SAF na região. Entre as propostas promovidas em um trabalho conjunto com a Comissão Latino-Americana de Aviação Civil (CLAC), estão: o incentivo a programas de produção da SAF que incluem garantias ou subvenções de empréstimos, apoio à pesquisa e desenvolvimento da cadeia de suprimentos e a criação de um marco regulatório adequado para que o capital seja investido da forma mais eficiente. 

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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