As tensões geopolíticas mundiais e o cenário interno político têm levado o dólar a oscilar bastante.
Na quarta-feira (11), uma declaração do presidente dos Estados Unidos Donald Trump de que estaria preparado para atirar mísseis na Síria fez o dólar subir para R$ 3,42, mas ao longo do dia a cotação caiu para R$ 3,38.
“Considerando a cotação de referência da Bloomberg, o dólar no ano sobe 3,6%. No mês, já sobe 2,2%”, afirma Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.
Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, a tendência da moeda é continuar instável. "Esse é um ano de eleição", diz.
Diante desse cenário, quais as orientações para quem quer comprar, investir ou vender dólar?
Confira as orientações de Crespo, Galhardo e também de Michael Viriato Araújo, coordenador do laboratório de finanças do Insper:
1) Vou viajar. Compro dólar ou espero cair?
Quem precisa da moeda imediatamente porque vai viajar no fim de semana, por exemplo, não tem alternativa: deve comprar já. Mas a recomendação de todos os especialistas é para ir comprando aos poucos. “Nesse ambiente de volatilidade deixar para comprar tudo no último dia pode custar caro, é melhor ir comprando aos poucos. A imprevisibilidade do dólar é muito grande, não tem como saber o melhor momento de comprar”, afirma Crespo.
2) Devo comprar dólar para investir?
Não, recomendam os analistas. Viriato diz que câmbio só se compra com a finalidade de proteção, se tiver algum custo programado em dólar, como uma viagem. “A moeda em si não gera retorno. Se a pessoa compra câmbio sem necessidade é especulação, e especulação implica possibilidade de perda”, diz.
O professor afirma que o câmbio é a variável da economia mais difícil de prever. "Se até as empresas especializadas pagam profissionais para gerir a compra e venda de câmbio e eles, mesmo avaliando o tempo todo a balança comercial, o fluxo de recursos para o país, se conversam com empresas para saber quando farão pagamentos e ainda assim erram as previsões, como é que uma simples pessoa vai acertar a cotação do dólar? Qual é a chance disso?”, pergunta.
Em vez de comprar dólares, Crespo e Galhardo recomendam investir em alternativas que estejam atrelados ao dólar, como fundos multimercados ou ações atreladas a exportadoras, por exemplo.
3) Como se proteger da variação do dólar?
Se as pessoas querem se proteger da variação do dólar, a recomendação de Viriato é comprar produtos atrelados à inflação. “O câmbio reflete na inflação, porque influencia preços como os combustíveis e de alimentos, por exemplo. Então para se proteger invista em produtos referenciados à inflação, como títulos do Tesouro (Tesouro IPCA+), CDBs ou fundos imobiliários.”
4) Tenho dólares: vendo ou guardo?
Crespo não recomenda guardar dólares em espécie. Viriato diz que é preciso avaliar se vai usar ou não. Se não for usar, é melhor vender ou entregar para um gestor especializado que vai saber melhor a hora de comprar e vender.
Vale lembrar que ao decidir vender em uma corretora, por exemplo, o valor da compra é menor do que o valor que está a moeda está sendo vendida no dia. Assim, se comprou a moeda por um valor mais baixo do que o que está sendo negociado no dia terá lucro, mas se comprou a moeda por um preço maior do que o da data da venda, estará perdendo dinheiro.
5) Qual é perspectiva para o dólar?
Segundo Galhardo, a expectativa do mercado era fechar 2018 em R$ 3,35, “mas nem chegamos a metade do ano e ele já ultrapassou esse valor”. “Acredito que pode ficar no patamar entre R$ 3,20 e R$ 3,30, mas sempre há o lado político que sempre dá sobressalto”, diz.