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Jovem passa de endividada a investidora com dicas da coluna

A participação em uma matéria sobre dívidas fez Juliana Almeida repensar sua relação com o dinheiro e mudar radicalmente

O que é que eu faço Sophia|Do R7 e Sophia Camargo

Juliana Almeida não sabia para onde estava indo o dinheiro
Juliana Almeida não sabia para onde estava indo o dinheiro Juliana Almeida não sabia para onde estava indo o dinheiro

Em menos de um ano, a assistente de produção Juliana Almeida, de 25 anos, saiu de uma dívida três vezes maior que o seu salário para a condição de poupadora.

"Se não dar o clique pra gente mudar, a gente vai ficar na mesma pra sempre", diz ela, feliz da vida, comemorando a quitação da dívida que por quatro anos deixou seu nome sujo.

O "clique" foi dado quando aceitou participar de uma reportagem da coluna falando sobre o endividamento dos jovens. Juliana se encaixava no perfil.

À época com 24 anos, estava endividada e sem ter como pagar. Também não sabia exatamente como tinha parado naquela situação. “Eu pensava, mas eram só dez reais, tão baratinho, tão pouco. Que mal poderia ter?”

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"Se não dar o clique pra gente mudar%2C a gente vai ficar na mesma pra sempre"

(Juliana Almeida)

Foram justamente os pequenos gastos que a levaram ao nome sujo, com despesas que chegavam a R$ 500 no mês em aplicativos de transporte, compras parceladas no cartão de crédito que resultaram numa fatura de R$ 900 para um salário de R$ pouco mais de mil reais que Juliana recebia na época.

“Não consegui pagar a conta, a dívida mais que dobrou e até hoje não consigo renda suficiente para quitar a dívida, porque preciso pagar a faculdade e ajudar em casa”, dizia Juliana na época da reportagem.

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Porém, em um ano, tudo mudou. Em setembro, a Juliana me procurou no Facebook para contar o seguinte:

Mensagem da Juliana Almeida
Mensagem da Juliana Almeida Mensagem da Juliana Almeida

Sophia, tudo bem? queria te dizer que um pouco mais de um ano depois da sua matéria comigo, consegui limpar meu nome, tô sem dividas, sem cartão e com dinheirinho na poupança.

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Fiquei mais do que feliz ao ler essa notícia, e perguntei se ela aceitava conversar para contar como se deu essa transformação e dividir o segredo do sucesso com quem está na mesma situação. Ela topou na hora.

Como saí de endividada a investidora em um ano

"Quando eu participei da matéria estava com muitas dívidas, mas li as dicas e comecei a refletir sobre como colocar em prática.

Na época eu fazia faculdade e a mensalidade era de R$ 1.300. Meu salário era de R$ 1.600. Não sobrava quase nada para pagar dívidas, elas só acumulavam.

Em junho eu terminei a faculdade e comecei a ficar com grana para comprar coisas que estava precisando, mas aquelas dívidas me incomodavam e eu queria me livrar delas.

Em janeiro, a dívida que começou em R$ 900 no cartão chegou a R$ 3.500; a dívida no cheque especial, que começou com R$ 800, foi para R$ 2.100. E meu salário era de R$ 1.600.

Veio o começo do ano, e decidi que iria seguir aquelas dicas, cuidar do meu dinheiro. Comecei a fazer uma planilha de gastos (veja foto abaixo), no papel mesmo, bem simples, anotando tudo o que tinha de despesa, como Netflix, conta de telefone, spotify, coisas que pago no cartão de crédito da minha mãe, como por exemplo os meus óculos.

Planilha Juliana Almeida
Planilha Juliana Almeida Planilha Juliana Almeida

Também vi que precisava aumentar a minha renda e comecei a fazer freelancer e com isso ganhar mais dinheiro. Pensei, está na hora de começar a pagar as minhas dívidas.

Entrei em contato com a credora do cartão e eles me ofereceram para pagar o valor antigo da dívida, que era de R$ 980. Nessa época, a dívida do cartão já estava em R$ 3.500.

Leia também: Leitor realiza sonho da casa própria com ajuda das dicas da coluna

Também renegociei a dívida do cheque especial, que com os juros estava na casa dos R$ 2.100. Juntas, as dívidas representavam três vezes e meia meu salário.

Eles me deram um grande desconto e ofereceram para eu quitar tudo por R$ 270.

Se não tivessem me dado os descontos eu não teria conseguido pagar de jeito nenhum. Mas como me deram esses descontos, quitei a dívida do cheque especial na hora e parcelei a dívida do cartão de crédito. Na mesma semana a credora limpou meu nome, que já estava sujo há quatro anos.

A quitação aconteceu da seguinte forma: R$ 270 à vista (que já era um dinheiro que eu tinha juntado para começar a pagar minhas dívidas) e a dívida do cartão de crédito de R$ 980 parcelado em dez vezes sem juros. A gente já estava no meio da pandemia.

Eu me programei para em vez de pagar uma parcela pagar duas, três, quantas eu conseguisse adiantar para acabar com a dívida o mais rápido possível. Com isso, a dívida acabou agora em setembro, sendo que ela venceria em janeiro de 2021. Dia 15 paguei minha última parcela.

Eu me programei para em vez de pagar uma parcela pagar duas%2C três%2C quantas eu conseguisse adiantar para acabar com a dívida o mais rápido possível.

(Juliana Almeida)

Comecei a fazer uma poupança que era uma reserva financeira para algo urgente. Então comecei a separar o dinheiro para investir da seguinte forma, em três reservas: uma para minha casa, outra para meus gastos supérfluos, como fazer uma tatuagem ou pintar o cabelo, e outra uma reserva de emergência, caso fique sem emprego, por exemplo.

Do que eu ganho, eu costumo reservar de 10% a 20% para ir juntando para alugar uma casa e comprar móveis grandes. Com isso, além de pagar as dívidas, já consegui comprar meu celular, uma cafeteira e um notebook de segunda mão, em bom estado, tudo à vista, para investir mais no meu trabalho e aumentar minha renda."

O que aprendeu com isso?

"Que foi uma boa experiência. Quer dizer, foi uma experiência ruim, mas ela me fez aprender a controlar meu gasto e fazer planilhas. Eu não sabia para onde estava indo o meu dinheiro. Eu gastava o meu salário inteirinho em uma semana. Eu não sabia o que era conta, o que era gasto supérfluo.

Quando comecei a fazer a planilha, percebi que gastava muito com coisas que não eram efetivamente necessárias, como festas, duas ou três caixas de cerveja, muito cigarro, todos gastos supérfluos que eu podia cortar. Também estava comprando muita revista em quadrinhos, uma lista enorme de quadrinhos que não estava lendo e comprava, comprava e não lia nada.

Então comecei a ler todos os meus quadrinhos. E decidi que só vou comprar outro que me interesse muito se eu terminei de ler.

Agora eu tenho um orçamento para ir no boteco, cerca de R$ 100. Coloquei esse dinheiro numa conta num banco digital que tem rendimento. Se eu gastar os R$ 100 numa semana, vou ficar as outras três semanas do mês sem ir para o buteco.

Tem mês que dou uma escapada, acontece, mas a maioria dos meses eu consigo seguir à risca o que eu me comprometi."

Qual o recado que você dá para quem está passando por essa situação?

"Eu me sentia muito mal por estar com o nome sujo, por não saber para onde estava indo o dinheiro. Não é fácil ganhar dinheiro, você não acorda com o pagamento na conta, você precisa trabalhar, aguenta perrengue, chefe chato, transporte lotado, e quando recebe o salário está lá com uma dívida enorme para quitar? Não é uma coisa positiva.

Um conselho que eu daria é ter o mínimo de planejamento, fazer a planilha de gastos, ela funciona mesmo. Anoto tudo, se gasto três reais para comprar um chiclete, eu anoto para saber como eu estou gastando meu dinheiro e como posso aproveitar para que ele renda mais."

Agora me planejo para realizar meus sonhos

"Tenho um sonho de viajar para o Nordeste e estou juntado dinheiro para isso. Também quero fazer um mestrado no ano que vem, fazer um bom curso de inglês, mais para frente alugar minha própria casa.

Como vou fazer tudo isso se não tenho um comprometimento com meu salário, se não tenho um controle comigo mesmo, como posso me comprometer com uam coisa futura tão grande?

Agora eu quero entender como eu estou gastando meu dinheiro para aproveitar e fazer com que ele renda mais. Aprendi a lição."

8 passos que fizeram Juliana mudar de vida

1. Anote tudo o que ganha e o que gasta em uma planilha

2. Separe de 10% a 20% do salário para fazer três reservas: uma para emergências, uma para realizar sonhos e uma para lazer

3. Poupe para comprar tudo à vista

4. Entenda para onde vai seu dinheiro

5. Valorize seu trabalho, procure aumentar sua renda

6. Imponha limites: separe um valor para lazer e não ultrapasse aquele gasto. Se não gastou tudo o que tinha de lazer em uma semana, nas outras três semanas fique em casa

7. Planeje o que gostaria de fazer no futuro e guarde dinheiro para realizar

8. Não faça compras desnecessárias, por impulso. Se gosta muito de quadrinhos, como ela, termine de ler todos os que tem em casa antes de pensar em comprar outros

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Ainda ficou com alguma dúvida? Envie suas perguntas para a coluna “O que é que eu faço, Sophia?” pelo e-mail sophiacamargo@r7.com

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