Todo presidente eleito tem, naturalmente, um período de lua de mel. Se ela será breve ou longa, na Praia Grande ou em Paris, dependerá da balança das trapalhadas e acertos.
Foi assim com FHC, Lula, Dilma e até com Collor.
De qualquer modo, surpreende o apoio maciço da população brasileira às medidas tomadas até agora por Bolsonaro e equipe. De acordo com uma pesquisa da CNI/Ibope realizada em 127 municípios com 2.000 pessoas, apenas 14% delas afirmam que o caminho percorrido foi "errado". Não por coincidência, é o mesmo número dos que esperam uma administração ruim ou péssima a partir do momento que o capitão sentar na cadeira de Michel Temer.
Três entre quatro brasileiros (75%) endossam o que foi proposto e 11% não sabem ou não responderam.
É muita coisa, especialmente para alguém que vive sob constante bombardeio de grande parte da imprensa e que escolheu ministros com agendas, para usar um termo da moda, "disruptivas". A gritaria no campo dos costumes é a que alcança o tom mais elevado, ampliada pelo patrulhamento dos juízes do politicamente correto, que, embora democratas essenciais, não toleram o pensamento diverso.
A pesquisa da CNI/Ibope reforça as iniciativas tomadas por Bolsonaro, por mais que elas aumentem o barafusto dos que foram derrotados nas urnas, mas ainda não entenderam bem o que de fato aconteceu.
O esperneio dessa gente vai continuar, assim como vai continuar a oposição desalmada de muitos políticos que querem ver o circo pegar fogo, para que obtenham alguma vantagem eleitoral.
Bolsonaro foi eleito, entre várias razões, pelo seu discurso contra o sistema político, mostrando disposição para varrer para as profundezas o famigerado "toma lá, dá cá", que, desde sempre, pautou as negociações (melhor seria negociatas) no Congresso Nacional.
Até onde a vista alcança, parece que tem feito isso. Não se sabe se terá êxito, mas deixar as coisas como estão é frustrar a enorme expectativa criada após a sua vitória.
No dia da diplomação, Jair Bolsonaro foi taxativo: "O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes".
Bolsonaro não esconde que, mesmo no Palácio do Planalto, continuará cultivando o eleitorado pelas redes sociais, sem submeter-se às pressões de deputados e senadores. Conta com isso, para influenciar o Congresso e o Senado na aprovação das reformas fundamentais para deslanchar a economia brasileira.
A pesquisa de hoje é ótima para ele, mas é preciso agir logo, pois, todos sabem, lua de mel nunca dura para sempre.