A ausência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou a entrega da agenda econômica pelo presidente Bolsonaro ao Congresso Nacional. Maia estava no Congresso com o presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) antes da chegada de Bolsonaro, mas deixou o gabinete de Alcolumbre assim que Bolsonaro chegou acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
De acordo com a assessoria do presidente da Câmara, a saída antecipada de Maia da solenidade se deu em função de uma reunião com economistas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) na residência oficial, que estava marcada para às 10h30.
A presença de Maia à entrega, que tem a força do simbolismo pela ida do presidente da República à sede do legislativo, já era dúvida desde segunda-feira (4), após entrevista publicada pelo Jornal Folha de S. Paulo com o ministro Paulo Guedes antecipando as medidas do pacote, ou agenda econômica como o ministro preferiu chamar.
Maia deixou clara a interlocutores a sua instatisfação e mandou recados em entrevistas ao longo do dia ao Executivo. Como antecipado ontem pela repórter Christina Lemos, da Record TV, o presidente da Câmara considerou desrespeitoso o tom do ministro ao criticar a criação de fundos públicos, que pretende extinguir. Maia também não gostou de ser atropelado pela prioridade dada ao governo a alguns assuntos. O responsável por pautar as votações é o presidente da Câmara.
A politica é feita de gestos, e o gesto da saída do presidente da Câmara da entrega da agenda prioritária do governo é um mal sinal. Maia tem sido um aliado do Executivo na pauta econômica e o não alinhamento entre os presidentes do Poderes pode atrasar ou até mesmo inviabilizar as votações da agenda.
Antes da chegada de Bolsonaro, Maia falou aos jornalistas.
— Há alguns pontos positivos e outros negativos [das medidas]. A questão do gasto social vamos ter muita dificuldade. Incluir o inativo dentro da despesa social é um risco muito grande de reduzir o gasto social, como a despesa do inativo cresce mais do que a despesa dos Estados e municípios teremos uma redução de aplicação de recursos na área social e isso vai ter dificuldade da Câmara compreender isso como um avanço. Uma coisa é restringir gastos de forma emergencial. Na proposta do Pedro Paulo isso não estava incluído. Na nossa proposta tinha economia de R$ 90 bilhões e o governo vem com R$ 25 bilhões. Há coisas muito boas, os gatilhos são importantes como abrir espaço para despesa de capital e investimento, mas não podemos descuidar de gastos na área social, Saúde e Educação.