Políticos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) são contrários ao pedido de prisão, expedido pela Câmara dos Deputados, contra o humorista Danilo Gentili por postagens em redes sociais.
A Procuradoria da Casa Legislativa entrou com uma ação, na última terça-feira (2), no STF (Supremo Tribunal Federal), pedindo a prisão de Gentili. A base da ação é uma publicação feita pelo humorista em que ele sugeriu que a população entrasse no Congresso Nacional e “socasse todo deputado”, por causa da PEC da impunidade parlamentar.
Filho do presidente da República, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou as redes sociais para se posicionar contra o pedido de prisão. “Embora Danilo Gentili defende inquérito ilegal para perseguir bolsonaristas e tenha se calado sobre Daniel Silveira, sou contra sua prisão. Todos devem ter liberdade de expressão e já há na lei mecanismos de reparação para casos de injúria como este”, afirmou.
Para Carla Zambelli, deputada federa pelo PSL-SP, o humorista errou ao dar a declaração incitando ataques contra parlamentares, mas o pedido de prisão é “exagero”. “Não é porque ele está na oposição ao governo e todos os seus integrantes que vou aplaudir uma arbitrariedade”, disse.
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub também informou ser contrário ao pedido de detenção. “Não concordo com o Danilo Gentili, porém, sou contra sua prisão. Falou bobagem? Sim. Os ofendidos que o processem. Defendo a liberdade de expressão. Do Daniel, do Eustáquio, da esquerda, de todos. Ou todos têm liberdade ou ninguém terá”, argumenta.
Professora licenciada de direito penal na USP (Universidade de São Paulo) e ex-aliada de Bolsonaro, a deputada estadual Janaina Pascoal (PSL-SP) afirmou que não há nenhum elemento jurídico para prender Gentili. Na visão da parlamentar, o episódio é uma atrocidade que fará duvidar se estamos, de fato, em uma democracia.
“Quando a Câmara pede a prisão de Gentili, age mais de forma política que jurídica. Parece querer constranger o STF, na medida em que um deputado federal foi preso por situação, ao ver da Câmara, correlata”, diz Janaina.
“Mas a verdade é que a Câmara teve a chance de mudar a sorte do deputado e não mudou. Preferiu fazer um gesto ao STF e, depois, usar o caso do colega para impor uma PEC vergonha, sob todos os aspectos. Criticada por referida PEC, buscou calar a boca de quem vive da ironia”, acrescentou.