O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem evitado que as lentes de fotógrafos e cinegrafistas estejam voltadas para ele, seus convidados e sua família na residência oficial da Câmara dos Deputados. Localizada da Península dos Ministros, a casa, mantida com dinheiro público, tinha apenas uma grade de proteção no projeto original. Era, portanto, visível da rua, a exemplo de muitas construções em Brasília, como o Palácio do Planalto e a residência oficial da Presidência da República, o Palácio da Alvorada.
No ano passado, ainda no governo Temer, Maia solicitou que fosse colocado um tapume verde de metal na grade lateral da casa e no portão, o que impede totalmente a visualização da movimentação. Na mesma época, instalação semelhante foi feita na residência da presidência do Senado, então ocupada por Eunício Oliveira (MDB).
Na residência da Câmara, havia, no entanto, uma fresta por onde os cinegrafistas e fotógrafos, que dão plantão diariamente na porta, registravam quem o presidente da Câmara recebe em reuniões de trabalho, muito frequentes. Nesta segunda-feira (3), a única fresta por onde se podia registrar a movimentação estava fechada com uma placa de metal. Maia também passou a receber convidados por uma porta lateral, o que impede a imprensa de fazer registros e perguntas.
Por ser presidente da Câmara dos Deputados, Maia é abordado pela imprensa diariamente. Em geral, ele conversa com os jornalistas na chegada à Câmara dos Deputados ou após reuniões e votações, sempre em movimento. Outros presidentes, como Eduardo Cunha, iam até o púlpito que fica no Salão Verde para uma conversa mais organizada. Maia raramente faz isso.
De acordo com a assessoria da presidência da Câmara, as barreiras visuais foram instaladas por motivo de segurança.
Nos bastidores, no entanto, especulam-se outros motivos da "blindagem" do presidente às lentes da imprensa. Dois episódios podem ter levado à instalação das barreiras visuais na residência oficial. Na época da discussão da reforma trabalhista o entra e sai era intenso e a movimentação da imprensa teria gerado desconforto em Maia e sua família. Outro motivo teriam sido imagens feitas do seu filho mais novo, Felipe.