Prêmio Nobel de Economia, anunciado nesta segunda-feira 14, sinaliza para o mundo que a terrível questão da pobreza (e da concentração de renda) pode e deve ser enfrentada. Surpreendente é que essa missão não seja a prioridade de todos os governos e das universidades, empresas e cidadãos.
Nada justifica que pessoas ainda morram de fome em um planeta que envia foguetes para o espaço sideral e é capaz de produzir alimentos com alta tecnologia, em escala suficiente para atender todos os seus habitantes. A miséria é uma opção de nossos sistemas políticos e econômicos – e não mais uma fatalidade.
O indiano Abhijit Banerjee, a francesa Esther Duflo e o americano Michael Kremer foram premiados por desenvolverem estudos que, por exemplo, favoreceram mais de cinco milhões de crianças indianas, beneficiadas por programas eficazes de aulas de reforço na escola. Os estudos e abordagens desse trio de economistas levaram a ações mais eficazes para a melhora da saúde infantil e do desempenho escolar.
Em um dos comunicados oficiais que apontou os vencedores – entre os quais se destaca Esther Duflo, a mais jovem vencedora a receber o prêmio e a segunda mulher a conseguir o feito na área econômica – o Banco da Suécia destaca que “mais de 700 milhões de pessoas ainda subsistem com rendas extremamente baixas” e “cerca de cinco milhões de crianças menores de cinco anos morrem por doenças que poderiam frequentemente ser prevenidas ou curadas”.
Inexistem argumentos para seres humanos continuarem a ser privados do mínimo de dignidade, de um prato de comida e do direito universal à educação. Não é preciso ser um gênio para entender que a eliminação da extrema pobreza está ao alcance da civilização. O Nobel 2019 nos mostra esse caminho.