Se for aprovada no Senado, a PEC do Orçamento Impositivo ameaça o cumprimento do teto de gastos já em 2020, de acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão do Senado Federal de análises econômicas independentes. De acordo com nota técnica, o aumento de gastos obrigatórios geraria um impacto de até R$ 9,5 bilhões em 2020.
Para 2021, o cenário é ainda pior. Em dois anos, a margem fiscal, ou seja, o dinheiro que "sobra" do pagamento de todos os gastos obrigatórios será de R$ 69,5 bilhões. Já os gastos mínimos necessários para o funcionamento da máquina pública são estimados entre R$ 75 e R$ 80 bilhões. Isso significa que, se o governo optar por gastar esses cerca de R$ 10 bilhões a mais (o dinheiro que sobra é menor que o que se gasta para a administração pública) para manter todos os serviços públicos funcionando, ele estará descumprindo o teto de gastos apenas três anos após a sua aprovação. Se o governo optar por cumprir o teto, sofrerá uma paralisação da máquina pública, o que é conhecido como "shutdown".
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A própria regra do teto de gastos, no entanto, prevê gatilhos que são automaticamente acionados em caso de descumprimento da meta, o que evitaria a paralisação da máquina pública. Mas um desses gatilhos é, por exemplo, o de não reajuste dos gastos com pessoal (salário dos servidores), que não receberiam nem a reposição da inflação. O teto de gastos está previsto para durar até 2026.