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Porta dos Fundos agride cristãos e gente simples com humor burro 

Os humoristas praticam uma blasfêmia oportunista e sem graça, desagradável não só ao senso comum, mas aos que apreciam o humor cáustico e refinado

R7 Planalto|Marco Antonio Araujo, do R7

Grupo escolheu repisar piadas sem graça, de uma heresia homofóbica e infantil
Grupo escolheu repisar piadas sem graça, de uma heresia homofóbica e infantil Grupo escolheu repisar piadas sem graça, de uma heresia homofóbica e infantil

Nada é proibido aos humoristas, à exceção de piadas sem graça. E a existência de humor de direita e de esquerda é uma bobagem, um delírio contemporâneo que ainda não encontrou plateia. Nesse quesito, o Porta dos Fundos se superou ao criar a categoria de humor burro, constrangedor, inútil e feito na pior hora possível. Puro desrespeito travestido de lacração. E lucro.

O novo “especial de Natal” do grupo, que consagrou inegáveis talentos – de todos os matizes ideológicos, do petista namastê Gregorio Duvivier ao reacionário tio do pavê Antonio Tabet –, despertou previsível e justificada ira santa de diversos grupos cristãos e conservadores.

Em menos de 24 horas, uma petição online de evangélicos e católicos propondo boicote ao filme atingiu quase um milhão de assinaturas. E tudo indica que vai alcançar um número muito maior, na dimensão precisa da afronta cometida por essa obra mercenária e que calculadamente pisa na fé da maioria da população brasileira. 

Certamente, era com essa monetização da injúria que a iniciativa contava: transformar em patrimônio a indignação dos fiéis, repetindo, pela enésima vez, uma estratégia que se tornou rigorosamente de marketing – reiterada e que ignora outros cultos e manifestações religiosas.

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No filme excomungado por significativa parte da opinião pública, inclusive ateísta, o roteiro recorre a batidas situações mundanas (a rigor, homofóbicas e escatológicas) que não passam de heresias infantis e jamais arrancaram risadas de ninguém, salvo as de nervoso e constrangimento.

Não são profanos. Seria injusto tratá-los como rebeldes, iconoclastas, corajosos ou blasfemos. São apenas desagradáveis, não só ao senso comum, mas, principalmente, aos que apreciam o humor cáustico, sarcástico e refinado. Sabem que desrespeitam (é essa a palavra), e isso não é engraçado.

Fora a reincidência em repisar anedotas velhacas e preconceituosas, o Porta dos Fundos comete um erro ainda maior que o de insistir em chacotas de pirralhos sem causa. Com o país convulsionado por radicalismos, escarnecer de forma consciente um dos lados da polarização – e, ainda por cima, errar o alvo de forma grotesca – só prova que o grupo perdeu algo vital no humor: o timing.

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