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Um recado ao prefeito Bruno Covas: escola não se vende

Exigir transparência é o mínimo quando estão em jogo, além de duas escolas de educação infantil, creches, postos de saúde e um parque, no Jabaquara

R7 Planalto|Marco Antonio Araujo, do R7

Cartaz de protesto de aluno da Escola de Educação Infantil Gabriel Prestes
Cartaz de protesto de aluno da Escola de Educação Infantil Gabriel Prestes Cartaz de protesto de aluno da Escola de Educação Infantil Gabriel Prestes

Ser contra ou a favor de privatizações é um debate polarizado em que se encontram bons argumentos dos dois lados. Mas é possível atingir algo perto da unanimidade quando um prefeito sanciona uma lei que coloca à venda terrenos municipais em que funcionam escolas de educação infantil. Aí é demais.

A ideia de desalojar crianças (esse tom dramático é proposital) foi aprovada pela Câmara Municipal na quarta-feira (16) e faz parte de um projeto do Executivo que prevê a venda de 41 terrenos pertencentes à prefeitura. A intenção é arrecadar R$ 500 milhões. A sanção veio rapidinho, no sábado (19).

Detalhe esperto: na sessão de aprovação, houve uma manobra e, de última hora, foi apresentado um substitutivo. A lista original – discutida amplamente (como manda a lei) –, que continha apenas sete locais, passou a ter quatro dezenas. Tudo filé. Bem estranho.

Sendo elegante, foi, no mínimo, suspeito. Exigir transparência dos governanrtes une a esquerda namastê e a direita pitbull quando estão em jogo, além de duas escolas públicas, creches, postos de saúde e um parque, no Jabaquara, que integra o Sistema de Áreas Verdes da cidade. Um ostensivo churrasco na laje com o patrimônio público.

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Fossem terrenos baldios ou subutilizados, nem haveria polêmica. Que a maioria dessas pérolas esteja localizada em áreas de alto valor imobiliário, nenhuma surpresa. Todo mundo sabe que as incorporadoras fazem parte do quadrado mágico das máfias em qualquer metrópole (junto com o pessoal do lixo, dos ônibus e das empreiteiras).

Mas tudo tem limite, prefeito Bruno Covas. E ainda dá tempo de consertar. Nesse pacote de bondades para gente má, faltou inteligência aos interessados em ludibriar o município. E sobrou ganância. É a única explicação para a turma do fundão baixar a guarda e colocar escolinhas na lista. Pois perdeu.

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Acho improvável que a opinião pública se esqueça de tamanha, digamos, insensibilidade. Nossos políticos estão mal-acostumados e acham que podem roubar até doce da boca de criança. Mas, literalmente, querer tirar o chão onde nossos filhos pisam, aí não dá.

Digo isso por mim também. O mundo é pequeno. Minha filha estuda numa das escolas que o poder público quer vender para construir um espigão de bacana no lugar. Isadora, aos 6 anos, junto com seus coleguinhas da EMEI Gabriel Prestes, vai participar de sua primeira luta como cidadã. E mandou um recado para o prefeito e os vereadores: "Escola não se vende". Concordo com ela.

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