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Preço do leite aumenta pelo terceiro mês seguido. E vai subir mais

Oferta de leite diminui e a disputa entre lacticínios aumenta o preço pago ao pecuarista

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window

Os preços do leite e demais produtos lácteos voltaram a subir para o consumidor nos últimos três meses. E não haverá alívio: os preços tendem a aumentar ainda mais. É o que apontam pesquisas diárias do Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo,em parceria com a OCB, a Organização das Cooperativas Brasileiras, realizadas nas duas primeiras semanas de abril.

Em março deste ano, o preço do leite UHT (o da caixinha), no atacado do Estado de São Paulo, era comercializado em média a R$ 4,13 o litro, uma alta de 3,90% sobre os preços médios de fevereiro. E os primeiros 15 dias de abril indicam outro aumento: o leite UHT subiu em média para R$ 4,21, alta de quase 2% sobre os preços médios de março.

Outros produtos lácteos não ficam fora dos aumentos. Se em março os preços médios da muçarela (a R$ 28,66 o quilo) aumentaram 0,25% sobre preços médios de fevereiro, dados de abril apontam outra alta. No atacado paulista, apenas nos primeiros 15 dias de abril, a muçarela subiu para R$ 28,87 o quilo em média, uma alta de 0,72% sobre março.

A retomada da alta dos preços de leite e derivados preocupa as indústrias. “Os lacticínios reportam cautela ao repassar os preços para os varejistas”, disse Ana Paula Negri, pesquisadora do Cepea/USP. Não é para menos. No início do ano passado, o brasileiro reduziu o consumo de lácteos por conta do encarecimento. Na época, os supermercados da Grande SP comercializavam o leite UHT acima de R$ 5,00 o litro (salvo exceções para mais ou para menos), o que fez a venda do UHT cair 4% e a de leite em pó recuar 7%, segundo consultorias.

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Para a indústria de lácteos o cenário mudou de 2023 para 2024. O repasse dos custos aos distribuidores e rede varejista ficou mais difícil. “Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março)", informa o Cepea no seu relatório. Diante desse cenário, os lacticínios tendem a lançar produtos com maior valor agregado, como queijos especiais, iogurtes e bebidas lácteas para manter a rentabilidade.

TEMOS MENOS LEITE -- Os preços dos derivados lácteos negociados no atacado sobem com a menor oferta de leite. É que nos últimos três meses do ano passado, o clima desfavorável com seca e calor, aliado a uma queda nas margens de lucro provocou uma limitação da produção, explica Natalia Grigol, pesquisadora do Cepea/USP. Os produtores rurais investiram menos na produção (muitos saíram do mercado), desinteressados pelos preços pagos pelo leite. Fora isso, a competição com o leite importado da Argentina e Uruguai trouxe desânimo ao pecuarista. Resultado: a captação de leite pela indústria diminuiu 5,2% nos dois primeiros meses deste ano.

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Essa queda na oferta de leite acirrou a disputa dos lacticínios por matéria prima, o que contribuiu para elevar o preço pago ao produtor nos últimos meses. O Cepea apurou que em fevereiro o produtor de leite brasileiro recebeu em média R$ 2,23 por litro, ou seja 3,8% mais que em janeiro. Já pelo leite cru entregue em março há expectativa que a indústria terá pago até 4% mais aos produtores. Se confirmada essa previsão, o consumidor verá os preços dos lácteos subirem de novo nos supermercados e padarias.

IMPORTAÇÃO DIMINUIU POUCO – A pressão de representantes de produtores rurais brasileiros para diminuir a importação de leite feita pela indústria surtiu pouco efeito até agora. No entanto, as importações recuaram pelo terceiro mês seguido. Em março, o Brasil importou 179 milhões de litros em equivalente leite, ou 3,3% menos do que em fevereiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, a Secex. Ainda assim, o volume é 14,4% maior que o importado em março de 2023. Os pecuaristas esperam que as importações diminuam com a decisão de alguns estados de limitar benefícios e incentivos fiscais aos lacticínios importadores.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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