Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Produtor rural foi à Agrishow, mas mostrou cautela nas compras

Produtores rurais adiam aquisições à espera de recursos a juros baixos no Plano Safra 2024

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window

Publico visita museu a céu aberto de tratores na Agrishow 2024 (JOEL SILVA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO — 29.04.2024)

A 29º Agrishow retomou este ano o caminho tradicional: uma feira de máquinas, equipamentos e tecnologia para a Agropecuária, a maior da América Latina. E não é exagero, uma das cinco mais importantes do mundo. Os organizadores foram cuidadosos e conseguiram reduzir ruídos políticos que marcaram a edição do ano passado. Mas 2024 é um ano no mínimo desafiador.

As indústrias já esperam para 2024 uma redução de até 15% nas vendas. Com preços de commodities em queda e quebra de safra em algumas regiões do país, se o volume de negócios este ano com máquinas, equipamentos e serviços for o mesmo do ano passado já será um feito e tanto.

A oferta de recursos para financiamento — como informam bancos e cooperativas de crédito — não limitou as vendas das empresas, mas o produtor rural se manteve particularmente retraído à espera do novo Plano Safra, que será anunciado em junho, com crédito a juros mais baixos.

CUSTO DO DINHEIRO

Financiamento para o produtor rural, seja pequeno, médio ou grande, continua caro. Com inadimplência perto de 0,50%, o banco cooperativo Credicitrus, por exemplo, disponibilizou para a feira R$ 700 milhões, parte pré-aprovada. Os cooperados têm taxas de 0,99% ao mês e prazo de até 60 meses para aquisição de veículos; com recursos do Pronamp (para médios produtores e quando possível) crédito a taxas de 8% ao ano e prazo de 14 meses; crédito para custeio agrícola tem taxa de 12% ao ano e 14 meses de prazo para pagamento.

Publicidade

O Sicredi, outro banco em sistema cooperativo, veio para a Agrishow disponibilizando recursos de até R$ 4,8 bilhões. Gilson Nogueira Farias, gerente de crédito da Central Sicredi, disse que a inadimplência três anos atrás era próxima de 1%, mas agora chega a até 4%. Isso, de certo modo, reforça a exigência de recolhimento do chamado ‘capital da cooperativa’, que alguns produtores se queixam quando procuram crédito. “É que em média a cada R$ 100 em crédito, as cooperativas devem ter 13% em patrimônio”, explica Farias.

“Não é um momento tranquilo”, disse Ricardo França, do Banco Santander. Ousado, o Santander anunciou que tem dinheiro disponível e visa negócios superiores a R$ 2 bilhões na feira, oferecendo prazo de pagamento em até 7 anos para compra de máquinas e estimulando o que chamou de consórcio estruturado, com custo atrativo de 9,4% ao ano em até 42 meses.

Publicidade

Embora não informe o índice de inadimplência, França admitiu preocupação com o aumento dos pedidos de recuperação judicial, e argumenta: “temos flexibilidade para evitar se o cliente nos procurar”. E ressaltou que enquanto há dificuldades para produtores de soja e milho, o período é positivo para quem trabalha com cana, laranja, arroz, algodão e café.

Na expectativa de recuperação de safra em 2025, mesmo que os preços das commodities se mantenham nos níveis atuais, a indústria espera retomar as vendas no ano que vem. E este ano, os grandes fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas puseram seus bancos a frente das vendas.

Publicidade

BANCOS DE FABRICANTES

A AGCO Finance, banco que tem sob seu guarda-chuva as marcas Massey Ferguson, Valtra e Fendt, tem financiamento (acordado com fabricantes e concessionárias) com taxa 0%, em três parcelas semestrais, e taxas de 9,9% ao ano com 60 meses de prazo, em cinco parcelas anuais. Mais: há recursos em dólar a taxa de câmbio mais 8,9% ao ano; e taxa de câmbio mais 6,90% ao ano em euro.

O diretor-geral da AGCO Finance, Paulo Schuch, admitiu que a inadimplência está maior e que houve aumento da demanda para os bancos de fabricantes. “Na época de vacas gordas, de cada 10 máquinas nós financiávamos três, mas de dois anos para cá com limitações de recursos no crédito subsidiado, hoje temos demanda para até cinco em cada 10″, conta Schuch. Ele assegura, com a experiência de décadas no mercado Agro, que esses produtores rurais em dificuldade superam os problemas em dois anos.

Já o CNH Capital, braço financeiro da CNH Industrial, que atua exclusivamente no financiamento de máquinas e equipamentos das marcas Case e New Holland, não aumentou restrições para a liberação de crédito, mas estudou as regiões onde estão os produtores em dificuldade, flexibilizando renegociação.

“Inadimplência não é problema no setor agrícola. Já tivemos momentos piores”, disse Alberto Petroconi, diretor do CNH Capital para atendimento da New Holland. O banco, que também é braço financeiro da marca Case, opera com taxas de até 10,50%, e embora financie produtos para todos os produtores rurais, destaca que 65% do crédito foi concedido a médios e grandes produtores.

“Se antes recursos do Governo Federal respondiam por 70% dos financiamentos, hoje é bem diferente”, disse ao lembrar que a demanda dos fabricantes por crédito do CNH Capital aumentou. A expectativa é que o novo Plano Safra mude essa relação, volte a pelo menos 50% banco e 50% recursos subsidiados.

O Governo Federal adiantou que o volume de recursos do Plano Safra deste ano será muito superior ao 2023, uma promessa que teve a assinatura de ministros e dirigentes do BNDES, na abertura oficial para poucos convidados antecipada para o dia 28, domingo. Além isso, o Governo Federal reafirmou a proposta de recursos para aumento de produção de grãos via recuperação de pastagens degradadas. Mais: crédito 4% abaixo da inflação para a inovação no agronegócio. É esperar para conferir.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.