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Família procura gata que desapareceu após porteiro deixá-la em área externa do prédio

Sem apoio do condomínio nas buscas, tutores registraram o caso na delegacia. A polícia abriu uma investigação e quer ouvir os envolvidos

Rio de Janeiro|Raphael Lacerda*, do R7

Gata está desaparecida há mais de 20 dias (Divulgação/ Filipe Mostaro)

Há mais de 20 dias, uma família procura uma gata de estimação que desapareceu após ser colocada na área externa pelo porteiro do condomínio onde mora, no Leme, zona sul do Rio de Janeiro.

Atena fugiu do apartamento para a área de elevadores, no último dia 5. Tutor do felino, o professor Filipe Mostaro disse que a família se deu conta do desaparecimento no início da manhã. Segundo ele, a esposa chegou a procurar a gatinha em todos os andares do condomínio.

Ao solicitar as imagens do circuito interno, viu que no, final da madrugada, o porteiro retirou o animal do corredor do sexto andar e o colocou na parte de fora do prédio.

“No livro de ocorrências, ele escreveu que, ao ser comunicado por uma moradora, foi ao local e, nas palavras dele: ‘Deixei o gato do lado de fora para que tomasse o rumo de casa’. Ele foi negligente e imprudente. Eu questionei que, se fosse a minha filha, ele iria fazer isso? Se fosse uma encomenda, ele deixaria ao lado de fora? Nós tentamos entender o que se passou na cabeça dele, mas no momento que lemos o relato, acreditamos que a atitude foi, no mínimo, negligente”, conta.

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Ao R7, Filipe explicou que portaria do condomínio é cercada por grades, o que possibilitou a fuga do animal para a rua.

Atena é o xodó da família (Divulgação/ Filipe Mostaro)

De início, a administração teria se sensibilizado e prometido ajudar nas buscas. Porém, com o passar do tempo, a postura teria mudado.

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Desde o desaparecimento, o casal faz buscas em vias do bairro e em comércios vizinhos. Os dois chegaram a espalhar cartazes pelo edifício, que foram arrancados pela síndica, de acordo com o professor.

“Além de não ajudar, o condomínio atrapalhou. Atrapalhou retirando os cartazes e a comida da gata, que seria uma possibilidade dela sentir o cheiro e retornar ao prédio. Ela disse que o condomínio não iria apoiar e pagar os cartazes, porque entendem que há opiniões divergentes sobre o assunto.”

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Filipe contou ainda que a esposa e a filha estão muito abaladas com o desaparecimento da gatinha:

“A minha esposa chegou a pensar em sair do condomínio. A minha filha tem três anos e era muito apegada à gata. Acreditamos que isso esteja impactando. Desde esse dia, ela está muito ‘chatinha’, chorando e querendo muito colo. A minha esposa não está conseguindo lidar da mesma maneira que eu estou conseguindo.”

Como a gata é dócil, bem alimentada e possui coleira, a família acredita que alguém possa ter resgatado o animal.

“A nossa esperança é que alguém que goste de gatos possa ter pegado, levado para casa e esteja cuidando. A gente acredita que quanto mais colocar a imagem dela maior será a chance de chegar até essa pessoa.”

Caso foi parar na polícia

Após o posicionamento da administração, os tutores decidiram registrar o caso na delegacia. As investigações são conduzidas pela DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente).

A Comissão de Direitos dos Animais da Câmara de Vereadores do Rio chegou a enviar uma notificação extrajudicial ao condomínio.

Em um trecho, o documento destaca que “a suposta conduta é considerada abandono de animais, o que configura crime de maus-tratos”.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que as investigações estão em andamento e que todos os envolvidos devem prestar depoimento.

A reportagem do R7 tentou entrar em contato com a síndica, por ligações e mensagens, mas, até a publicação da matéria, não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.

O que disse o condomínio

Por e-mail, os advogados que representam o condomínio enviaram ao R7 um posicionamento sobre o caso. Leia a íntegra:

“No dia 05/04/2024, sexta-feira, um morador do 6º andar do condomínio ora mencionado interfonou por volta de 5 horas da madrugada para a portaria relatando que uma gata estava circulando pelos corredores do prédio, fazendo muito barulho em sua janela desde as 2 horas da manhã, e que sua mãe é idosa se encontrava doente (falecida dias depois), e que para cessar a perturbação, deixou o animal entrar na sua área de serviço.

Dessa forma, por volta das 5 da manhã o morador interfonou para a portaria informando o ocorrido, quando o funcionário do Condomínio foi até o local e trouxe a gata em seu colo para o térreo, conforme pode ser comprovado pelas câmeras de segurança, sem maiores informações a respeito do animal, uma vez que o mesmo não possuía nenhuma identificação, apenas coleira anti-pulgas, não sabendo se existia algum tutor, e ainda, se o animal era desse condomínio ou de outro, vez que o acesso do condomínio à entrada de serviço é compartilhado com o condomínio vizinho.

Apenas às 13 horas do dia seguinte, 06/04/2024 (sábado), a tutora do animal da unidade 203, comunicou à portaria o desaparecimento de sua gata, mais de 24 horas após o ocorrido.

Dessa forma, considerando a ausência de comunicação da tutora do felino à administração nesse período da madrugada até o início da tarde do dia 06/04/2024, o funcionário do condomínio precisou se ausentar para fazer suas obrigações de porteiro, fechando a porta de vidro que dá acesso ao elevador social da portaria, uma vez que na época do ocorrido, a porta estava em reparo e com fresta suficiente para que um animal de pequeno porte pudesse cair no poço do elevador, permanecendo a gata na área do condomínio, o que pode ser comprovado por meio das câmeras do condomínio.

Cumpre esclarecer desde já que os porteiros/vigias são responsáveis pela segurança do condomínio, incluindo as entregas noturnas, manobras de entradas e saídas de veículos da garagem, controle de duas portarias, dentre outras funções, que não inclui serem responsáveis pelos pets dos moradores do Condomínio!

Dessa forma, diferente do alegado, quem realizou o descuido e abandono do felino foram os seus próprios tutores, quando deixaram a porta aberta de seu apartamento sabendo dos riscos que isso poderia ocasionar, e não o funcionário do condomínio, que apenas estava exercendo o seu trabalho – que não é ser tutor de animais.

O felino apenas foi resgatado pelo funcionário do condomínio uma vez que seus tutores não obedeceram com a devida prudência e guarda do animal, deixando a porta aberta, tendo o animal sido motivo de reclamação pelo morador do 6º andar, causando incômodo ao mesmo e à sua mãe idosa e com problemas de saúde no meio da madrugada.

Desde sempre, a postura do condomínio foi no sentido de auxiliar a resolver o caso, no entanto, foi necessária a apuração da verdade dos fatos por meio das câmeras de segurança e relato das testemunhas, motivo pelo qual ocorreu “a mudança de postura” alegada.

No dia 09/04/2024 os tutores fixaram cartazes tendenciosos por todo o bairro induzindo um julgamento prévio negativo do funcionário e do Condomínio, e ainda requereram que as despesas pelas impressões fossem subsidiadas pelo condomínio, o que obviamente foi negado.

Em relação “aos cartazes espalhados pelo edifício e arrancados pela síndica”, trata-se de uma mentira, uma vez que não podem os moradores espalharem conteúdo, de qualquer assunto, pelo prédio sem a prévia autorização da administração, uma vez que um condomínio é regido por leis, e todos devem obedecê-la. Dessa forma, os tutores colocaram um único cartaz no elevador de serviço, com conteúdo tendencioso e mentiroso, e o mesmo foi retirado pelo Porteiro-Chefe, uma vez que os moradores não tiveram autorização prévia da síndica para tal ato.

Sobre a retirada da comida da gata, cumpre esclarecer que foi devido à solicitação de outros moradores em razão do mau cheiro que estava gerando, causando incômodo, sendo a tutora da gata informada, e ciente sobre a retirada, conforme registro no diário.

O que podemos perceber, é que a todo tempo, tentam os tutores transferir para o Condomínio e seus funcionários a responsabilidade de cuidado e guarda de seu pet, que é exclusivamente destes! Se a porta da unidade estivesse devidamente fechada, ou os mesmos tivessem dado falta da gata antes, nada disso teria ocorrido.

Por fim, o condomínio informa que já esclareceu os fatos a quem era de direito, e repreende veemente qualquer conduta de maus tratos a qualquer animal, se solidarizando com a busca da felina, tendo prestado aos tutores todo o apoio que estava ao seu alcance para a busca do animal, no entanto, não pode responder pela irresponsabilidade dos tutores do animal, uma vez que é papel destes zelar pelo cuidado e guarda do felino”.

*Sob supervisão de Bruna Oliveira



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