Suspeita de superfaturar UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) de lata durante o primeiro mandato do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), a empresa Metalúrgica Valença Indústria e Comércio LTDA fechou, no ano passado, novos contratos com o governo do Rio para construir UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e atrasou a entrega de ao menos cinco delas.
Em 12 de setembro, a empresa foi advertida pela Secretaria de Estado de Obras por não ter entregue os postos de saúde de Rio das Ostras, Armação de Búzios, Niterói, Paty dos Alferes, Quatis e Três Rios. A notificação foi publicada no Diário Oficial do Estado de 17 de setembro.
De acordo com dois contratos assinados em 30 de julho de 2013, a empresa – especializada em unidades de contêineres – tinha 90 dias para entregar 59 postos de saúde. Os contratos renderiam à empresa R$ 77.373.125,41.
Por ao menos duas oportunidades, a gestão Cabral e de seu sucessor, o candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB), aceitaram adiar o prazo dado à metalúrgica. A última prorrogação foi assinada em 30 de junho, oito meses depois do prazo inicial para a entrega das unidades à Secretaria de Estado da Saúde.
Mato na sede
A Metalúrgica Valença é investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) desde 2011, quando uma reportagem do jornal O Globo apontou que o preço de UPAs feitas em contêineres pela empresa era 25% mais alto, considerando o valor por metro quadrado, que um Hospital Escola de alvenaria em São Carlos, no interior de São Paulo.
A metalúrgica teve também contratos com o Distrito Federal auditados após uma UPA construída na cidade satélite de Samambaia ser interditada pelo Conselho Regional de Medicina.
De acordo com documentos enviados ao TCU, o local apontado como endereço da sede da empresa, no sul do Rio de Janeiro, seria em um matagal. A suspeita era que a metalúrgica fosse uma empresa de fachada. O processo no tribunal segue aberto.
Bombeiros
Na semana passada, foi publicado no Diário Oficial de Estado um despacho da Secretaria de Estado de Defesa Civil, assinado em 27 de agosto, autorizando uma nova despesa em favor da Metalúrgica Valença, no valor de R$ 606.964,05, desta vez para aquisição de unidades modulares habitacionais para implantação do 20º Grupamento de Bombeiros.
O R7 questionou, por e-mail, na última quinta-feira (23), a gestão Pezão sobre os contratos com a Metalúrgica Valença, mas o governo não se manifestou. A reportagem não conseguiu contato com a empresa.