Mães e parentes de vítimas da violência fizeram um ato, nesta quarta-feira (19), em frente ao MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro). O objetivo da manifestação — denominada Acorda MP — é criticar a morosidade do órgão na efetiva responsabilização de agentes policiais envolvidos em assassinatos em favelas e periferias da cidade.
A Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, que organizou o protesto, reivindica que o Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública) do MPRJ tenha autonomia nas investigações dos homicídios cometidos pela polícia, proporcionando apuração mais especializada e mais rápida dos casos.
Ana Paula Gomes de Oliveira é mãe de Jonathan de Oliveira Lima, que foi morto por um tiro aos 19 anos após um confronto entre moradores da comunidade de Manguinhos, na zona norte da capital, e policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), em 14 de maio de 2014.
— O caso do Jonathan teve investigação a partir da nossa luta. Os moradores se mobilizaram para testemunhar o que haviam visto —, disse Ana Paula. — Em dezembro de 2016, o juiz decidiu que o caso vai a júri popular.
Para Ana Paula, uma parcela da população está sendo exterminada.
— O alvo da polícia e do Estado são jovens, negros, pobres, moradores das favelas e periferias —, afirmou. — Queremos que esses crimes comecem a ser investigados pelo Gaesp, com mais competência para investigar esses homicídios. Queremos que o Ministério Público e o Judiciário cumpram seu papel.
Tiro de fuzil
Terezinha Maria de Jesus é mãe de Eduardo de Jesus Ferreira, que morreu aos 10 anos, em 2 de abril de 2015, atingido por um tiro de fuzil na porta de casa, no Complexo do Alemão, zona norte da cidade.
— Meu filho não era bandido, estudava em um colégio em horário integral, tirava notas boas. Eu venho lutando por justiça e não vou sossegar enquanto o policial não for julgado, condenado e preso.
No final de 2015, o MPRJ contestou o inquérito da Divisão de Homicídios, que alegava que o policial militar da UPP no Complexo do Alemão deveria ser inocentado pelo assassinato do menino Eduardo. De acordo com a denúncia, o policial teria atirado “de forma livre e consciente”, causando graves lesões em Eduardo Segundo Terezinha, o caso foi arquivado em 29 de novembro do ano passado. “Pedimos ao MP que reveja os casos, não só o meu como o de outras mães, porque há muitos casos arquivados”.
O pedreiro José Luiz Faria da Silva é pai de Maicon de Souza da Silva, morto por um tiro na porta de casa em 15 de abril de 1996, aos 2 anos, após operação da Polícia Militar no Conjunto Amarelinho, em Irajá, no subúrbio do Rio.
— O caso foi arquivado por falta de provas. Já tem 21 anos da morte do Maicon e nada foi feito até agora.
A Agência Brasil pediu posicionamento ao MPRJ sobre o ato de hoje, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta reportagem.
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