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"Racismo está virando rotina", diz viúva de homem morto pelo vizinho

Família de Durval Teófilo Filho se reuniu com Comissão dos Direitos Humanos da Alerj. Vítima deixou filha de seis anos

Rio de Janeiro|Rafaela Oliveira, do R7*

Família de Durval comenta racismo em reunião na Alerj
Família de Durval comenta racismo em reunião na Alerj Família de Durval comenta racismo em reunião na Alerj

“Minha filha perdeu o pai e todo dia pergunta por ele. Digo que a mãe dela vai sair de casa para fazer justiça; o racismo está virando rotina", afirmou a viúva de Durval Teófilo Filho, de 38 anos.

No dia 2 de fevereiro, o sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra efetuou três disparos contra o vizinho na porta de casa, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.

O atirador disse ter "confundido" a vítima, um homem negro, com um assaltante.

Reunião na Alerj

Nesta segunda-feira (7), a mulher da vítima, Luziane Teófilo, a irmã Fabiana Pinheiro e a prima Priscila estiveram na Assembleia Legislativa para uma reunião com as Comissões de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania e de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional. 

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De acordo com a Alerj, a viúva também refutou a defesa de Aurélio, de legítima defesa. “Não aceito dizer que foi legítima defesa. Meu marido leva dois tiros, tira a máscara, diz que é vizinho e recebe um terceiro tiro, na coxa. É revoltante!", destaca. 

Luziane ainda relatou estar sendo coagida pelos vizinhos. "[...] Estou sofrendo intimidação. É difícil, pois estou sozinha com uma criança. Se a coação persistir vamos tomar as medidas cabíveis”, completou a esposa da vítima. A irmã de Durval, por sua vez, ressalta que o crime se tratou de racismo. 

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"Há uma naturalização da depreciação do negro. Destes depoimentos devem surgir políticas públicas, não queremos seguir atendendo famílias, não queremos atender outros Durvais”, afirmou a deputada Dani Monteiro (Psol), à frente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj. 

O presidente da Comissão de Combate às Discriminações, Carlos Minc (PSB) garantiu apoio à família de Durval, e lamentou o fato de a Marinha não ter se pronunciado. “Não me consta que a Marinha tenha se manifestado. Era um militar da ativa, pago pelo povo para defender a população, não para assassinar o vizinho”, disse o parlamentar.

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A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí encerrou o inquérito no último sábado (05) e indiciou Aurélio por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Essa tipificação do crime foi alterada depois de um pedido do Ministério Público do Rio

No encontro, o advogado da família de Durval e assistente de acusação do MP-RJ, Luiz Carlos de Aguiar Medeiros, informou que irá pedir acréscimo de circunstância agravante ao indiciamento, por motivo torpe. 

Um representante da Faferj (Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro) também esteve presente na reunião.

Ainda ontem, o MP-RJ solicitou encaminhamento do caso para a 4ª Vara Criminal, a fim de que haja um Tribunal de Júri Popular

*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa

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