A Polícia Civil indiciou 31 pessoas envolvidas em um esquema de empresas financeiras que aplicavam golpes contra servidores públicos, civis e militares, tanto na ativa ou aposentados. Cerca de 500 pessoas foram vítimas dos golpistas e tiveram um prejuízo somado em torno de R$ 100 milhões. Os envolvidos são acusados por associação criminosa, estelionato qualificado e lavagem de dinheiro.
O esquema envolvia empresas financeiras que ofereciam empréstimo consignado com a promessa de fazer aplicações que renderiam lucro de alta rentabilidade.
"As empresas procuram as vítimas oferecendo a intermediação para realização de empréstimos consignados com instituições financeiras. Através dessa proposta, a vítima parcelava um empréstimo em 72 meses, dos quais a empresa oferecia 10% desse valor de volta, pago diretamente na conta do servidor. Os outros 90% a vítima repassaria à empresa, através de uma sessão de crédito, com o compromisso da instituição pagar todas as parcelas. Além disso [a empresa] oferecia aplicação do dinheiro em operações financeiras de alta rentabilidade e que de tempos em tempos repassaria para a vítima parte do lucro obtido", diz a delegada Raíssa Celles.
A vítima só tinha conhecimento do golpe quando a empresa parava de quitar as parcelas do empréstimo. "Na verdade, essas empresas estavam aplicando um golpe. Ao longo do pagamento de algumas parcelas, em regra entre a 5ª e 6ª parcelas, a empresa sumia, o contato com a vítima terminava e o servidor ficava com o prejuízo de todo o restante do parcelamento. Essa operação começou com a denúncia de um militar aposentado que teve um prejuízo de R$ 210 mil", relata.
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Conclusão da investigação
Várias empresas que praticam essa fraude foram identificadas no estado do Rio de Janeiro e também em São Paulo. Os estelionatários abriam empresas em nome de laranjas, o que dificultou a localização do dinheiro acumulado com o golpe. De acordo com a delegada Raíssa, os envolvidos na quadrilha negaram as acusações, mas a provas reunidas são "inequívocas da autoria e culpabilidade de todos os indiciados".
Orientações para não cair em golpes
A Polícia Civil orienta que, caso alguém identifique que tenha sido vítima deste golpe, compareça à delegacia mais próxima da residência para fazer um registro de ocorrência, munido de toda a documentação que tiver.
"[São importantes] o contrato de cessão que geralmente a empresa realiza com o cliente, a comprovação das parcelas do empréstimo e o débito que está sendo realizado na conta. Só através do registro de ocorrência a Polícia Civil poderá identificar e prender os integrantes dessa quadrilha", explica a delegada Raíssa Celles.
Ela orienta também que é importante prestar atenção quando ofertas muito fáceis são oferecidas. "A Polícia Civil faz um alerta aos servidores públicos federais, estaduais e municipais bem como para a população em geral. Não existe nada fácil. Se certifique da confiabilidade de uma empresa, isso pode ser feito na própria internet. Desconfie de ofertas vantajosas, onde a certeza do lucro seja muito fácil", acrescenta.
* Estágiário do R7 sob supervisão de Patrícia Junqueira