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Rio: policiais acusados por chacina em Nova Brasília são julgados

Durante ataque em 1994, 13 pessoas foram assassinadas e duas testemunhas relataram tortura e abuso

Rio de Janeiro|Inácio Loyola, do R7*

A Justiça iniciou, nesta segunda-feira (16), o julgamento dos cinco policiais acusados pelos 13 assassinatos na Chacina da Nova Brasília, no Complexo do Alemão. Três testemunhas participaram da sessão e duas delas relataram abusos sexuais e torturas cometidas pelos réus.

Policiais acusados por chacina em Nova Brasília são julgados
Policiais acusados por chacina em Nova Brasília são julgados Policiais acusados por chacina em Nova Brasília são julgados

A sessão plenária do Júri ocorre depois de 27 anos do episódio em 1994, na zona norte do Rio. A sessão presidida pela juíza Simone de Faria Ferraz julga os acusados: Rubens de Souza Bretas, José Luiz Silva dos Santos, Carlos Coelho Macedo, Ricardo Gonçalves Martins e Paulo Roberto Wilson da Silva.

Três testemunhas foram ouvidas sobre o ocorrido que teria sido cometido como uma represália a um ataque à delegacia de Bonsucesso. Mais de 50 policias civis e militares teriam participado.

A primeira testemunha de acusação tinha 17 anos na época e afirmou que acordou com o barulho de tiros e helicópteros durante a madrugada. Ela informou que estava com uma amiga que teve a casa invadida por policiais. Um morador foi perseguido, mas conseguiu fugir.

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Os agentes de segurança começaram a agredir, com pedaços de madeira que tiraram de uma das camas, as três pessoas que estavam dentro da residência. As mulheres que estavam no local foram sexualmente abusadas.

A vítima reconheceu um dos policiais durante a sessão, após um pedido de reconhecimento ser feito pelo MP (Ministério Público) e deferido pela magistrada.

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A segunda testemunha estava na mesma casa no dia da chacina, mas era moradora do Engenho da Rainha e tinha ido a Nova Brasília para um baile. Ela contou que foi agredida e abusada por um policial apelidado de “Rambo” ou “Turco”, que seria Rubens de Souza Bretas.

A vítima relatou que também acordou com os tiros, mas soube das mortes pela manhã, quando foi a uma padaria e recebeu a informação de que três homens haviam sido mortos em uma residência próxima. Entre os mortos estava seu namorado, Adriano.

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As duas mulheres ficaram com lesões, hematomas e machucados por causa das torturas. Elas se recordaram que foram ao Hospital Salgado Filho pela manhã.

O processo pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor tramita em segredo de justiça na 35ª Vara Criminal.

O delegado José Secundino foi a primeira testemunha de defesa a depor e contou que conhece todos os réus, mas não participou da operação e nem dos confrontos. Ele era plantonista da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) há menos de um ano e foi o primeiro a chegar ao local da chacina.

Secundino afirmou que não viu a pilha de corpos que foi feita em uma praça do local onde tinha, em uma das paredes, escrita a frase: “Senhor, obrigado por mais um dia”.

Início do julgamento

A denúncia contra os agentes foi aceita pelo 1º Tribunal do Júri da Capital em 2013, após o caso ter sido desarquivado por decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). O Estado brasileiro foi condenado a prosseguir com as investigações, que tinham sido paralisadas.

Em novembro de 2018, os cinco réus foram acusados por homicídio duplamente qualificado. O sexto réu, Plínio Alberto dos Santos Oliveira teve a punibilidade extinta por ter falecido.

*Estagiário do R7, sob supervisão de PH Rosa

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