O calendário acadêmico da Uerj pode até estar suspenso, mas a universidade não está parada. Durante a última semana o que não faltou foram eventos de mobilização em prol da instituição de ensino, que vem enfrentando grave crise financeira. Para os próximos dias, os institutos de Nutrição e de Educação estarão promovendo eventos de ocupação da universidade. Luciana Veloso, sub-coordenadora de graduação do curso de Pedagogia, diz que o objetivo é mostrar para a sociedade que Uerj está funcionando e que ela precisa existir.
Luciana está organizando o evento “Mediação entreturmas” que promove encontros de calouros do curso de Pedagogia com seus veteranos. Na próxima quinta (23) estudantes que já estão fazendo a graduação irão apresentar a universidade para os que irão chegar neste semestre. A professora explica que o objetivo é integrar os novos alunos do instituto de educação à universidade e mostrá-los as atividades e serviços prestados por ela.
— A ideia é se apropriar dos espaços e trazê-los para luta, porque eles têm que saber que já conquistaram as suas vagas e que eles têm direito ao ensino público de qualidade e gratuito.
Na EdUerj (Editora da Uerj) os servidores mesmo sem receber estão produzindo um e-book sobre movimentos de resistência em instituições públicas de ensino superior. Segundo Mauro Siqueira, técnico da editora e um dos idealizadores do projeto, o momento de crise ao qual passa a universidade fluminense fez com que muitos membros da comunidade acadêmica se manifestassem em redes sociais tentando analisar ou entender o que se passa. Dessa forma, ele, juntamente com um aluno e um professor do curso de Letras, se despertaram para as afinidades dos problemas da Uerj com outras universidades brasileiras.
— A reunião desses depoimentos e ensaios é para fazer-se entender a importância do financiamento e do investimento públicos na universidade — afirmou Mauro.
O livro será lançado na plataforma isuu e terá acesso gratuito. Para o organizador do material é importante que ele ganhe as redes sociais e seja um registro do período.
— O livro eletrônico é mais um desses registros de como é importante que o conhecimento se difunda de modo plural, democrático e ético.
Para o cantor Leoni, que participou de um show na Concha Acústica da Uerj nesta semana, as ações de mobilização que estão acontecendo são importantes para levar a informação para a sociedade, que está afastada da discussão. O cantor também disse que a arte é capaz de mostrar às pessoas a complexidade do assunto e apresentá-las à causa.
— A gente teve conquistas importantes no campo da Educação e o que está acontecendo agora é antidemocrático e contra a inclusão social.
Alunos e professores também manterão os atos e intervenções. Na tarde de hoje (17), a Asduerj (Associação de docentes da Uerj) receberá em sua sede servidores, movimento estudantil, funcionários da Cedae e representantes de beneficiários do aluguel social e da federação das favelas do Rio de Janeiro. A reunião irá debater o calendário de ações para a próxima semana.
Sem resposta
A assessoria de imprensa da reitoria da Uerj informou que desde o último encontro com a SECTI (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação) e com o gabinete do governador, nenhum posicionamento foi dado à universidade. Procurados pelo R7, o gabinete preferiu não se pronunciar sobre o caso. A SECTI não respondeu até o fechamento desta matéria e a Secretaria de Estado de Fazenda, ao ser perguntada se há algum planejamento para o socorro da universidade, respondeu que “o governo do Estado do Rio de Janeiro reconhece a importância da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de graves dificuldades enfrentadas pela instituição”.
*Colaborou Samuel Costa, do R7 Rio