Como forma de protesto, um grupo de pichadores destruiu seis fotografias da exposição coletiva "A3", promovida pela Galeria Crivo, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. O "atropelo" aconteceu nesta terça-feira (21), quando as obras do fotógrafo Choque (conhecido por registrar a arte urbana paulistana com foco na pichação) foram pichadas com frases e expressões como: "A rua não precisa de você" e "Safado".
Em entrevista ao R7, Choque se mostrou indignado com a atitude, a qual considera "covarde".
— Foi um ataque de censura ao meu trabalho. Foi anônimo e covarde. Não foi um ataque artístico, foi de ódio.
Quem assumiu a autoria do feito foi o movimento PME (Pixo Manifesto Escrito), que surgiu durante as manifestações de 2013. Em entrevista ao site Vice, o grupo justificou a ação como uma "retaliação a todo uso indevido de imagens que o fotógrafo Choque vem fazendo dos pichadores de São Paulo".
Porém, o fotógrafo contesta as acusações. De acordo com Choque, todos os artistas expostos deram autorização por escrito para a divulgação das imagens.
— Tenho autorização para o que eu faço. Eu sabia que eu teria que me proteger em uma cena marginal. São críticas infundadas.
Vídeo
Outro ponto levantado pelo movimento responsável pelo ataque, de acordo com o site, é a questão da divulgação do vídeo chamado "A Última Noite", que teria criado uma tensão entre Choque e alguns pichadores. No material, o fotógrafo mostra o momento da morte do pichador Guigo, que caiu de um prédio na avenida Rebouças. As imagens, segundo a fonte da Vice, teriam sido divulgadas sem a autorização da família da vítima.
— O vídeo não é graficamente violento. Não tem sangue, não tem corpo. Foi uma homenagem. Eu expliquei para a família como seria o trabalho e ela não se opôs. Decidi fazer o vídeo porque o acidente aconteceu em 2010, ano em que eu expus o trabalho que foi destruído na Bienal.
Choque acredita que a retaliação ao seu mais famoso trabalho partiu de pessoas que estavam no dia do acidente com o pichador.
— Ele [Guigo] foi abandonado pelos amigos. Fui eu quem o socorreu. Na época, descobriram a história e um dos pichadores que deixou o lugar na hora da queda sofreu retaliação. O ataque deve ter partido de quem estava lá na hora da queda. Querem destruir minha carreira.
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