“Não estavam preocupados em deixar marcas”, diz advogado que acusa PMs de agressão

Daniel Biral e a colega de profissão Silvia Daskal foram detidos na terça-feira

São Paulo|Do R7

04/07/2014 - 00h11 (Atualizado em 20/04/2024 - 08h11)

Passados dois dias, o advogado Daniel Biral, de 33 anos,
ainda tem hematomas pelo corpo. Ele disse que foi espancado por policiais
militares após ser detido em um ato na praça Roosevelt, centro de São Paulo, na
noite de terça-feira (1º). As agressões teriam acontecido em uma parada da
viatura entre o local da prisão e o 78º Distrito Policial (Jardins).

— Pararam no 4º DP [Consolação] e abriram a porta de trás do
camburão. A rua já estava vazia. Quando eu fui descer, eles me impediram e
falaram: “agora não tem mídia, você vai morrer”

Reportagem: Fernando Mellis, do R7

As fotos dos hematomas de Biral foram enviadas à ONG internacional
Humans Right Watch e cedidas ao R7.
O advogado diz que chegou a desmaiar após ser golpeado na cabeça.

— Foram uns três policiais, com socos e chutes. Teve uma
hora que eu apaguei. Foram pelo menos alguns minutos. Acordei com a cara no
chão, algemado. Eles não estavam preocupados em deixar marcas

Após a “escala” no 4º Distrito Policial, a viatura da PM foi
à delegacia certa, nos Jardins. Na praça Roosevelt, o defensor aparece sendo
colocado na viatura sem qualquer marca no corpo. No DP, o conselheiro da
Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP, Ricardo Russo Júnior, encontrou
o Biral e a também advogada Silvia Daskal, presa junto com ele

O conselheiro acompanhou o registro da ocorrência. Em comunicado à OAB-SP, ele afirma que o delegado de plantão, Severino Vasconcelos,
recusou-se a fazer um boletim de ocorrência em que Daniel e Silvia denunciariam abuso policial. Russo
Júnior diz suspeitar que o delegado tenha sido orientado politicamente a esse
tipo de conduta.

— Eu presumo que, como é uma questão envolvendo
manifestações sociais, por uma questão política, eu acredito que ele não tenha
feito o B.O. por causa disso. No B.O. eles [advogados] seriam as vítimas, no
termo circunstanciado não

A discussão começou quando a advogada Silvia Daskal pediu a
identificação de alguns policiais militares. No vídeo, ela aparece sendo
imobilizada por uma das policiais e levada a uma viatura. Biral, que estava
acompanhando de longe, foi questionar a ação e também acabou detido

O presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, classificou como “um
disparate” a ação policial. A lei garante que advogados no exercício da
profissão não podem ser presos sem a presença de um representante da Ordem, o
que não teria acontecido na noite de terça-feira (1º)

O ato na praça Roosevelt era uma reunião para debater as
prisões de Fábio Hideki e Rafael Lusvarghi. Os dois estão na cadeia desde o
último dia 23, quando foram detidos por policiais do Deic (Departamento
Estadual de Investigações Criminais), em um protesto na avenida Paulista. Nesta
quinta-feira (3), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou um pedido de
liberdade aos dois. Outras três pessoas foram presas na praça Roosevelt. A PM
usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo

Passados dois dias, o advogado Daniel Biral, de 33 anos, ainda tem hematomas pelo corpo. Ele disse que foi espancado por policiais militares após ser detido em um ato na praça Roosevelt, centro de São Paulo, na noite de terça-feira (1º). As agressões teriam acontecido em uma parada da viatura entre o local da prisão e o 78º Distrito Policial (Jardins). — Pararam no 4º DP [Consolação] e abriram a porta de trás do camburão. A rua já estava vazia. Quando eu fui descer, eles me impediram e falaram: “agora não tem mídia, você vai morrer” Reportagem: Fernando Mellis, do R7