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Ligação entre PCC e máfias envolvia neto de Jânio Quadros, aponta PF

De acordo com as investigações, neto de ex-presidente da República teria usado influência internacional para tentar ajudar suposto traficante sérvio

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7, com informações da RecordTV

Porto de Santos é usado por máfias e facção
Porto de Santos é usado por máfias e facção Porto de Santos é usado por máfias e facção

Uma investigação da Polícia Federal que apura possíveis relações entre a facção PCC (Primeiro Comando da Capital) e máfias internacionais aponta que empresários paulistas e até Jânio Quadros Neto, neto do ex-presidente, estariam envolvidos no esquema criminoso.

Documentos, vídeos, áudios e fotografias das investigações foram obtidas com exclusividade pela Record TV e foi exibido nesta segunda-feira (18), no Repórter Record Investigação.

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Conforme a investigação, da Operação Brabo, da Polícia Federal em 2017, a principal ligação do neto de ex-presidente seria por meio de um relacionamento muito próximo entre ele e o empresário Paulo Nunes, apontado como braço direito do suposto líder de uma máfia sérvia instalada em São Paulo, identificado como Bozidar Kapetanovic, o Judô.

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O sérvio estaria envolvido em diversos envios milionários de cocaína do Porto de Santos, no litoral paulista, para países europeus, entre eles Holanda, Bélgica e Alemanha. A reportagem acompanhou, durante dois meses, a rotina de fiscais do porto e as interceptações das drogas pouco antes de partir para a Europa.

No Porto de Santos, o principal do país, de acordo com as informações oficiais, passa diariamente uma média média sete mil containers, com cerca de 300 mil toneladas de mercadoria lícitas. Somente em 2018, 23 toneladas de cocaína foram apreendidas prestes a ir para Europa.

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As investigações apontam que, muitas vezes, os containers são usados sem conhecimento do remetente e do destinatário. os criminosos interceptam a mercadoria, e violam antes e depois do envio.

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Para Justiça, Bozidar negou ser conhecido como Judô, e disse que tinha como fonte de renda a venda de carros importantes. Enquanto Paulo Nunes, que disse que conhecia Bozidar como Judô, disse que sabia que o sérvio "fazia coisa errada, mas não sabia exatamente o que". Os dois estão presos.

De acordo com as investigações, Jânio usava sua influência com políticos e famosos, sobretudo dos Estados Unidos, para ajudar o suposto traficante sérvio. Mas a relação mais próxima seria entre o neto do ex-presidente e Paulo, um vez que este usava, inclusive, o telefone pessoal e Jânio para fazer ligações.

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Enquanto Paulo Nunes era responsável por resolver as questões burocráticas de Bozidar no Brasil — como declarações de imposto de renda, aberturas de contas em banco, organização de viagens, entre outras coisas.

A reportagem teve acesso à documentos das investigações, como a transcrição de ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal com autorização judicial que mostram conversas do neto de Jânio Quadros.

Em uma das interceptações, Jânio revela que possui amigos até mesmo dentro da Casa Branca e no Senado americano, para uma tentativa de facilitar uma retirada de visto. O neto do ex-presidente quer ajudar o traficante sérvio a ter visto americano.

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Em outra ligação interceptada na Operação Brabo, desta vez com uma suposta jornalista, Jânio se mostrava contrário à independência da PF e fazia críticas à Operação Lava Jato.

"Se estivesse o poder, eu faria o contrário: passaria uma lei dizendo que o diretor da Polícia Federal vai ser juiz ou procurador, nomeado pelo presidente, e mandaria eles todos para aquele lugar”.

O neto do ex-presidente foi absolvido em primeira instância, mas agora o MPF (Ministério Público Federal) recorre ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª região para que a denúncia seja aceita.

A reportagem procurou Jânio em quatro endereços ligados a ele, mas não o localizou em nenhum. Também foi tentato diversas vezes contato telefônico em quatro números vinculados ao neto do ex-presidente, mas não foi atendida.

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