O morador de rua Gilvan Artur Leal, conhecido como Piauí, amigo e testemunha-chave da morte do carroceiro Ricardo Silva Nascimento, morreu nesta quinta-feira (20) em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) aos 52 anos.
Grande companheiro de Ricardo, Piauí faleceu no mesmo dia em que é celebrado o Dia do Amigo.
O homem morava na região de Pinheiros e presenciou o momento em que Nascimento levou dois tiros no peito. Os disparos foram feitos pelo policial militar José Marques Madalhano.
Durante o protesto pela morte do carroceiro, Piauí estava muito abalado com o assassinato do amigo. Sem controlar o choro, ele apenas apontava para o local do assassinato e dizia.
— Mataram meu irmão aqui.
Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, confirmou a morte de Gilvan à reportagem do R7. Ele revelou que o morador de rua estava muito nervoso e assustado em uma recente cerimônia religiosa em homenagem a Ricardo.
Em situação de rua há muitos anos, Piauí era comumente visto com a Barbinha e outros cachorros na rua Teodoro Sampaio e em outras vias de Pinheiros. O artista plástico Mundano conta que ele não estava bem desde a morte do amigo.
— Ele tava muito abalado no dia do assassinato do Ricardo. No dia do protesto também tava muito mal, segundo os moradores ele passou a semana toda chorando, muito mal.
Mundano acrescenta.
— Indiretamente a polícia também é responsável pela morte dele. Ele ficou sem chão, já não tinha nada e perdeu tudo.
A Santa Casa de São Paulo, hospital para o qual ele foi encaminhado, se posicionou por meio da seguinte nota:
"Paciente de 52 anos de idade, deu entrada no Pronto Socorro Central em 19 de julho de 2017, com quadro de rebaixamento do nível de consciência e vômitos, trazido pelo Samu.
No Pronto Socorro, durante atendimento médico, apresentou crise convulsiva prolongada. Os exames realizados apontam para Hipótese Diagnóstica de Acidente Vascular Cerebral em região de tronco encefálico.
O paciente evoluiu a óbito em 20/07/2017 e foi encaminhado ao IML para apuração da causa da morte".
* Colaborou Kaique Dalapola, estagiário do R7